Como nunca antes, exceto em períodos eleitorais, os fanáticos brasileiros talvez estejam vivendo momentos tão infernais e infernizantes.
Não se dão conta das suas obsessões cotidianas contra tudo que é diferente e todos que não pensam como eles. Estão agressivos e ameaçadores como nunca estiveram e como geralmente são os covardes.
Perderam a noção do valor da vida, da dialética, do aprendizado dos erros e acertos, das transformações e mudanças, do tempo e tudo que ele provoca.
Talvez não seja opcional a cegueira dos fanáticos, o labirinto e a estreiteza que impõem a si. Eles devem ter suas razões para seguirem vivendo nos seus minúsculos mundinhos, em seus universos paralelos com tantos fantasmas e traumas.
As ideologias e religiões fanatizantes tiram de seus seguidores qualquer possibilidade de visão 360⁰, tudo só tem um sentido e direção. Não há horizonte para os fanáticos.
Fanáticos precisam de chefes, gurus, guias, mitos que lhes tirem os desafios que a vida impõe e lhes deem um sentido de existir.
Eles não pensam, não refletem, não têm empatia, repetem, obedecem, seguem cegamente. Não digerem, engolem. Não têm noção de realidade, criam as suas próprias a partir do que lhes impõem seus líderes, sua estreita visão de mundo.
Fanáticos às vezes sabem ler mas são incapazes de interpretar à luz da ciência ou conhecimento científico qualquer livro ou texto. São pessoas sem assunto.
Fanáticos são bobos que se sentem espertos, senhores da razão e donos da verdade, que não são suas, mas que repetem, e acreditam em vícios doentios de negação.
Fanáticos são humanos que abrem mão do conhecimento e do domínio dos sentidos, das emoções, das virtudes e fraquezas humanas que dão sentido à vida.
Fanáticos perdem qualquer noção de amor, de respeito, de consideração e apreço por seus semelhantes. Abrem mão das famílias e amizades para se concentrarem em grupelhos, guetos, tribos de iguais desequilibrados.
Fanáticos não são guerreiros, são guerrilheiros. Não são militares, são milicianos. Não são mocinhos, são bandidos. Não são autoridades, são discípulos irracionais, seguidores acorrentados. Não são valentes nem corajosos, são covardes que se recusam a enfrentar os desafios da verdade, da realidade e a luz. Negam a profundidade do mar pois preferem ficar restritos à superficialidade das poças de águas sujas.
Fanáticos se alimentam do ódio, vivem na raiva. Não falam, gritam. Não ouvem e não pensam, repetem. Não sorriem, não gargalham, não contam piadas, não relaxam. São intolerantes, estão sempre armados e prontos para a briga. São ofensivos e ofensores. São armamentistas, bélicos, acreditam na violência e na força física como meios de solução dos conflitos humanos, de governança e exercício de poder.
Fanáticos desconhecem Deus, anjos e santos, o bem e a generosidade, a compaixão e o afeto, a essência natural dos seres humanos, as leis do universo e o sentido da vida.
O fanatismo esvazia as pessoas, desmoraliza-as e as isola, torna-as monocromáticas, chatas, inconvenientes, desagradáveis, inúteis ao universo, mas necessárias aos donos de suas mentes e almas para servirem a seus projetos de poder.
Fanáticos não têm paz, não relaxam, tudo que é diferente os agride, ameaça e ofende. Não têm amigos, têm parceiros e comparsas de suas milícias religiosas, ideológicas. Não há código de honra no fanatismo.
Não são as pessoas comuns e normais as mais indicadas para lidar com fanáticos, mas sim os psiquiatras, os psicólogos. Poderia até ser a justiça e a polícia, se neste país elas fossem instituições sérias, confiáveis e, de fato, a serviço do direito e da ordem.
Com fanáticos não existe diálogo, mas audiências e monólogos. Todo fanático é autoritário, é reacionário, preconceituoso, ditatorial.
Fanáticos trazem prejuízos, perdas e danos em um mundo que não pode prescindir de qualquer pessoa que possa ajudar a fazê-lo melhor, a reconstruí-lo em meio a tanta destruição.
Fanáticos não são radicais livres, são imbecis soltos. Não são pessoas de convicções e conteúdos, são vazios, sem argumentos. Daí nasce a necessidade imperiosa de permanentes agressões.
Deus nos livre do Fanatismo e que sejamos capazes de ficar longe dos fanáticos.
Antônio Carlos Aquino de Oliveira
Administrador, Consultor, Palestrante e Empresário do setor de publicidade
Uma resposta
Excelente texto Aquino. Parabéns.