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Quando o crime é contra o taxista, tudo volta à sua normalidade?

O taxista, Ricardo Souza, 36 anos, foi espancado e teve o táxi roubado na tarde do último dia 4, no bairro do Jardim Santo Inácio, na capital baiana. Foi um crime bárbaro, Souza teve a face desfigurada pelas agressões e ficou sem condições de falar o que havia sofrido.

 

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Ricardo Souza ao dar entrada no HGE – Fotos: Divulgação

A crueldade praticada contra o motorista deixou a sociedade chocada. Porém, essa é a triste realidade com a qual o taxista convive desde sempre e seus familiares sabem disso. Quando este profissional sai para trabalhar, não se tem a certeza de sua volta, o perigo anda ao lado do taxista a todo instante. Essa é uma profissão vulnerável à marginalidade. Ser assaltado, agredido e até morto é algo que pode acontecer na próxima corrida.

 

O crime ganhou uma imensa repercussão na mídia e nas redes sociais tão logo as primeiras fotos, vídeos e áudios, mostrando a vítima agredida e, supostamente, contando o fato, começaram a circular por grupos de WhatsApp.

 

No decorrer dessa história, um fato chamou a atenção da classe de taxistas. Como uma parte da mídia se precipitou em noticiar o ocorrido. Sem muito cuidado em apurar o acontecido, matérias deram conta de que a vítima era um motorista do aplicativo Uber e deixaram no ar que, provavelmente, Ricardo Souza havia sido emboscado por taxistas revoltados com a atuação dos uberistas.

 

Não demorou para a figura do profissional taxista se transformar na pior espécie entre o seres humanos. Foi um verdadeiro linchamento social sofrido pela categoria, principalmente nas redes sociais. As pessoas chegaram a pedir a extinção do taxista.

 

Cerca de 24h após dar entrada no Hospital Geral do Estado (HGE), a vítima foi identificada como taxista auxiliar da locadora Cosme e Damião. O táxi, um Corsa Classic, alvará (B-5578), foi localizado pela polícia dois dias após, na região onde ocorreu o crime.

 

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Talvez se a imprensa tivesse ido ao local, poderia descobrir, através de testemunhas, que a vítima havia chegado dirigindo um táxi que é fácil de ser identificado.

 

Após a imprensa noticiar que Souza era na verdade um taxista, estranhamente tudo voltou ao normal. Parece que a sociedade não se abala mais quando um taxista é assaltado ou até morto. O caso deixou de ser um horror e virou mais um que entrou para a estatística da insegurança pública.

 

A atuação dos motoristas do aplicativo tem prejudicado a categoria que sofre com a perda de mercado para um concorrente clandestino que presta o mesmo serviço de forma desleal. Todavia, não há guerra entre taxista e uberistas, até porque muitos uberistas foram taxistas.

 

O taxista não é um criminoso que anda por aí assaltando, espancando ou assassinando as pessoas. Na verdade, este pai ou mãe de família é mais uma vítima da bandidagem assim como qualquer outro cidadão. É inaceitável que a classe esteja sendo tão desprestigiada ao ponto de ser comparada a delinquentes.

 

É necessário que se tenha muito cuidado com a informação, pois muitas vezes a sociedade é levada a crer naquilo que está sendo divulgado pela imprensa e tudo é potencializado através da internet. Não cabe ao profissional de comunicação divulgar áudios desconhecidos que, somente, irão acirrar os ânimos. É preciso cautela e responsabilidade.

 

O Ei, Táxi entrou em contato com a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) para saber o estado de saúde do taxista, no entanto a assessoria informou que por conta de normas adotadas em maio deste ano, a secretaria não mais revela informações sobre os pacientes. Um taxista que pediu anonimato, contou que o colega já está em casa ao lado da família, mas ele não soube informar o estado de saúde de Souza.

 

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