Nesses tempos de pandemia
Que agora estamos vivenciando
Nós todos seremos vítimas
Os que se vão só e sem aviso
Vestidos da solidão de um leito
De onde fazem a passagem
Sem o amparo dos que ficam
Sem o momento do adeus
E os que ficam em grande dor
Pela vida ceifada tão de repente
Vestidos da falta da presença
Sem nenhuma despedida
Carregarão a dor da saudade
O gosto amargo do desespero
Do rápido estar e não mais estar
E ainda sendo todos privados
Das velas dos rituais fúnebres
Dos abraços consoladores
Choraremos por muitos dos nossos
Choraremos por muitos dos outros
Lamentaremos as perdas irreparáveis
E para seguirmos a caminhada
Será preciso desprendimento
Necessário muito equilíbrio
Segurando com força na força da fé
Se atendo as boas suas lembranças
E bebendo a certeza dos reencontros
Maria Cecilia Freitas de Almeida
Membro da SOBRAMES BA (Sociedade Baiana de Médicos Escritores)
Uma resposta
Poesia oportuna, plena de sentimentos, escrita por quem tem sensibilidade e vive o drama de perto.