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Vigiai e Orai, para que não Entreis em Tentação – Por Alcir Santos

Depois do muito que viveu, o ancião contempla, num misto de perplexidade e temor, as tentativas de demonizar livros, censurando, proibindo.

Primeiro foram os de Lobato, escritor que encantou gerações ainda na primeira metade do século XX e dizia que “um país se faz com homens e livros”. Os patrulheiros sustentaram que o autor era racista, ou coisa que o valha. No afã de censurar, olvidaram a época e o contexto em que foram escritos, especialmente o apedrejado “Caçadas de Pedrinho” (1933).

A seguir, partiram para recolher exemplares de um romance gráfico na 19ª Bienal Literária do Rio. Depois, em Rondônia, a Secretaria de Educação do Estado resolveu voltar ao século XVI e, mirando-se no exemplo de Paulo IV, criar o seu próprio Index Librorum Prohibitorum, nele inscrevendo clássicos de Machado de Assis, Euclides da Cunha, Mário de Andrade e Nélson Rodrigues, entre outros, num total de quarenta e três livros.

O Governador de São Paulo, por sua vez, decidiu censurar aqueles que faziam parte de um projeto de leitura nos presídios do Estado, dentro do programa “Remição em Rede”. Desta vez os alvos foram clássicos da literatura universal como Camus, Garcia Márquez e Padura.

Atentos e vigilantes, os meios culturais aliados aos órgãos de imprensa, pugnando pela liberdade de expressão que a Constituição assegura, foram à luta, denunciaram as iníquas pretensões, abortando, assim as torpes intenções dos Torquemada de plantão. No Rio, é bom destacar, foi preciso bater às portas do STF porque o inquisidor bateu pé firme.

Como se não bastassem tantas barbaridades, agora o Senhor Ministro da Economia, que da matéria parece não entender nada já que o país não consegue se erguer, resolve, num ato incompreensível e absurdo, taxar em doze por cento, o preço dos livros. Pode tamanha aberração?

A prática de satanizar e destruir livros e bibliotecas não é nova, basta, dentre outras, lembrar como acabaram as bibliotecas de Alexandria, Nalanda, Constantinopla e Mossul.

Busca, apreensão e queima de livros marcaram presença em momentos diversos da história, inclusive aqui no Brasil, no Estado Novo e no Regime Militar, por exemplo. A esperança é que os tempos são outros e a sociedade está atenta.

Vejo a relação de livros mais vendidos e observo, em posição de destaque, a presença de títulos emblemáticos como “Fahrenheit 451”, “1984” e “Admirável Mundo Novo”. Esse interesse não pode ser por acaso. A sociedade, os leitores, os meios culturais e a imprensa estão atentos.

Certo de que eles passarão, mas os livros não, busco arrimo no poeta maior: “Oh! Bendito o que semeia/Livros…livros à mão cheia…/E manda o povo pensar!/O livro caindo n’alma/É germe – que faz a palma,/É chuva – que faz o mar.” Puríssima verdade.

O livro não será vencido. Creio no poeta; “O livro – esse audaz guerreiro/Que conquista o mundo inteiro/Sem nunca ter o Waterloo…”

Alcir Santos

Aposentado

[email protected]

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3 respostas

  1. Primar pela cultura, em tempos turvos, cujos valores pessoais, morais e intelecto estão sendo varridos, ascende a chama do conhecimento. Que não permitamos extinguir o acesso à informação… E sim, abrir as janelas pro futuro de tantos… Taxar livros em um País, que já não mais tem memória!! Indígno…

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