No dia 1° de novembro, o Ilê Aiyê completou 47 anos de existência. Em seu percurso, colaborou de forma decisiva para com o fortalecimento dos debates e ações em prol do povo negro e periférico não só de Salvador, onde é sediado, mas de todo o Brasil.
O Ilê Aiyê é muito mais do que um bloco afro. É uma usina de projetos que explicitam a condição dos oprimidos por uma sociedade racista, preconceituosa e acumuladora. É um campo de realizações onde se constroem novos horizontes para jovens negros, elevando sua autoestima, capacitando a força de trabalho, estimulando a emancipação pelo conhecimento e agindo politicamente em favor de uma sociedade futura justa e humanitária.

Não se pode chegar a essa data sem que lembremos de Mãe Hilda, morta em 2009, símbolo de luta e exemplo de superação. Mulher, preta, do candomblé, suburbana, pobre, afastada por toda a vida das obrigações que o Estado lhe devia como cidadã. Mas, mesmo assim, uma lutadora, uma referência que brigou por educar e capacitar o povo ignorado pelo sistema excludente imposto.
Mãe Hilda sempre foi o esteio do Ilê Aiyê e seguimos em sua luta, liderados por seu filho, Antônio Carlos dos Santos, o Vovô do Ilê, presidente da entidade e hoje, certamente, principal liderança negra da América do Sul, reconhecido em todo o mundo.
A Senzala do Barro Preto, no Curuzu, bairro periférico de Salvador, é o símbolo dessa resistência que é o Ilê Aiyê. Entra prefeito e sai, entra governador e sai, e todos tratam o Ilê e a Senzala como espaços nutridos por migalhas. Há ajudas institucionais, há patrocínios esporádicos, mas sempre aquém da representatividade da instituição e da necessidade daquelas milhares de pessoas que têm na sede do bloco afro educação formal, cursos profissionalizantes, aprendizados artísticos.
Estamos mais uma vez às vésperas de uma eleição. E nesse dia de aniversário do Ilê o que se pode pedir por ele, o que se deve exigir para ele, é respeito. A Senzala do Barro Preto passa mais uma vez por dificuldades para se manter. Templo do povo negro do Brasil, do povo escravizado e excluído, a Senzala está, como sempre, sem o devido reconhecimento das chamadas autoridades públicas.
Nas campanhas, de todos os lados, muitos discursos e muita gente se dizendo guerreiro(a) dos mais necessitados de Salvador. Conhecemos isso, há 47 anos. Mas poucas ações concretas são geradas a partir desses discursos muitas vezes inflamados. O que queremos, para além do verbo, é o devido reconhecimento a essa entidade que tanto respeito traz à Bahia e ao Brasil, e que tão pouco é respeitada.
Salvador, todos sabemos, é negra. É chegada a hora de se reconhecer o Ilê Aiyê como o gigante que ele é.
Essa é a boa luta!
Roberto Rodrigues
Diretor do Ilê Aiyê













Uma resposta
Parabéns!!! Ao ilê aiyê!!!
Uma sociedade na qual seus cidadãos não vê seus direitos preservado, não vai acabar com a violência nunca. A pior violência é uma pessoa ser humilhada por causa da sua raça ou etinia.
Taxista: Jorge Xavier
Itabuna BA Brasil