A “Asa Branca” cantou de muita tristeza. Amanheceram de luto, a “Sombra da Jaqueira”, o chocalho, o gibão, o chapéu de couro, o Curral de Areia Branca, o Sertão de Sergipe, Simão Dias, o Nordeste, o Brasil, a família e minha amiga, a cantora Joseane de Josa. Todos se encontram em profundos sentimentos pelo o falecimento do grande imortal, cantor e sanfoneiro sergipano, Josa “O Vaqueiro do Sertão”. Seu nome, José Gregório Ribeiro, nasceu em 12 de março de 1929, na cidade de Simão Dias e morreu aos 91 anos, nesta terça-feira, 10.11.2020. Deus que abençoe e dê paz a toda família.
Quero através deste texto, me reportar à família, os meus tristes sentimentos pela morte deste maravilhoso forrozeiro, discípulo de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. Meu pai e meus avós paternos, vivendo em Nossa Senhora de Lourdes (SE), não deixavam de sintonizar pelo seu rádio ABC o programa de Josa pela Rádio Difusora, atual Rádio Aperipê, do Estado de Sergipe. Meu pai era tão fã de Josa, que chegava a usar um chapéu de couro, montava em um cavalo em direção ao pasto para tirar leite e seguia pelo caminho assobiando as músicas de Josa. Ele gostava de todo repertório musical do cantor sergipano.
Josa vai deixar uma grande cratera, um imenso espaço vazio na nossa música nordestina, no Forró de autêntica raiz nordestina, ou seja, o típico forró pé de Serra. Como discípulo de Luiz Gonzaga, Josa foi convidado pelo o Rei do Baião para uma excursão, fazendo shows pelo Brasil afora.
Suas apresentações com Maria Feliciana, a mulher mais alta do Brasil, foram muito marcantes, principalmente, nos palcos dos circos do interior de Sergipe. Poucos sabem que “Josa O Vaqueiro do Sertão” foi um cantor sergipano que não aderiu ao forró de duplo sentido, no início dos anos 70. Ficou de fora durante um tempo sem gravar, só fazendo shows.
Escrevendo este artigo agora, veio uma recordação quando sua filha, minha amiga Joseane de Josa, me colocou para falar com seu pai por telefone. Ele paralítico, prostrado numa cama, sem a fala, transmitia um som no meu ouvido como se tivesse conversando comigo pelo telefone. Josa sofreu um AVC e passou a viver paralisado numa cama e sofrendo de alzheimer.
Eu sou teu fã, um menino do sertão que vivia te ouvindo na Rádio Difusora, nos anos 70. Josa descanse em paz. Você cumpriu com a sua meta aqui na Terra. Junte-se agora com Gonzaga aí no céu e continuem a alegrar todos com suas lindas canções.
Conrado Matos
Psicanalista, Poeta, Filósofo e Escritor
Sergipano radicado em Salvador; Nasceu em Poção, Canhoba-SE