Por Daniel Júnior
Enquanto não é definida a inclusão de taxistas no grupo prioritário de vacinação contra a Covid-19, muitos profissionais do setor, em diversas cidades brasileiras, estão morrendo em decorrência do novo coronavírus. Não há um número nacional exato de vítimas, mas quase que diariamente há informações sobre óbitos causados pela infecção. Em Salvador, taxistas que atuam no aeroporto da capital já foram imunizados com a primeira dose, graças a uma portaria do terminal aéreo.
Em Brasília, por exemplo, em um universo de 5 mil profissionais, 62 morreram por complicações da Covid-19, segundo o presidente do Sindicato do Taxistas da Capital Federal, Suéd Sílvio. Na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro, 30 taxistas vieram a óbito devido a Covid-19, de acordo com Celso Wemerlinger, presidente do Sindicato dos Taxistas local.
No dia 31 de Março deste ano, foi aprovado na Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 1011/20, de autoria do deputado Vicentinho Júnior (PL-TO), que amplia categorias prioritárias na imunização contra a Covid-19, entre elas, a dos taxistas. Porém, recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou que a vacinação ocorra por idade.
“Eu perdi muitos amigos taxistas para a Covid-19. O último foi neste mês de junho. Estamos muito expostos no dia a dia. O nosso trabalho exige isso. Desde o início da Pandemia estamos nas ruas, trabalhando, lutando pelo nosso ganha pão. Não podemos parar. Se tivesse vacina esses óbitos não teriam acontecido e iríamos nos sentir mais protegidos”, afirma Carlos Leandro, presidente da União dos Taxistas de Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, em Pernambuco.
Algumas prefeituras de cidades menores, a exemplo de Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador, conseguiram imunizar os taxistas locais, ao menos com a primeira dose. Mas, nas capitais, onde há um número maior de profissionais, a imunização não acontece.
No último mês, o presidente da Associação Geral dos Taxistas de Salvador (AGT), Denis Paim, foi a Brasília, onde protocolou, no Ministério da Saúde, um ofício solicitando a inserção de taxistas no Programa Nacional de Imunização (PNI). Mas foi informado que a imunização só será realizada por idade, não por prioridade. “Protocolei ofício na Secretaria de Saúde de Salvador, e tive resposta do secretário Leo Prates, informando que a vacinação depende do Governo Federal. Estamos lutando a cada dia para que os taxistas sejam vacinados com urgência”, disse. Denis também atualizou o número de taxistas mortos em Salvador. “Já são 73 taxistas mortos pela covid-19 [até o ultimo dia 12/6]. Nem sempre posso divulgar o nome, porque a família me pede e eu respeito, claro. Todos que tive a informação sobre o falecimento, tentei ajudar de alguma forma, seja acompanhando em cartório ou pedindo apoio da prefeitura com algumas despesas funerárias”, acrescentou o presidente da AGT.
Na capital baiana, como os aeroportuários estão inseridos na grupo prioritário de vacinação contra a Covid-19, taxistas da Cooperativa Mista de Motoristas Autônomos de Salvador (Táxi Comtas) e da Cooperativa Metropolitana de Táxis Especiais de Salvador (Táxi Coometas), que atuam em terminal aéreo, conseguiram dar início à imunização. “No dia 2, eu estava conversando com um segurança do aeroporto, ele me disse que todos nós teríamos direito a vacina a partir do dia 3. Ele me passou um informativo do aeroporto, que dizia que todos os funcionários e concessionários do aeroporto poderiam ser vacinados a partir daquela data. Aí, eu repassei a informação para as diretorias. Hoje, graças a Deus, estamos todos vacinados, por conta dessa portaria do aeroporto de Salvador”, contou o taxista Reginald Cohim da Comtas, alvará C-0238.