Chama atenção a forma explícita, clara e direta com que as pessoas estão se declarando conservadoras ou progressistas, cristãs ou evangélicas, capitalistas ou socialistas, de direita ou de esquerda. Será que a maioria sabe mesmo do que está falando? Quantas estudaram ciência política, religião, filosofia e economia? Pior que falar o que não entende é vestir roupa que não lhes cabe. Há convicção na idiotice?
A julgar pelos textos e memes que as pessoas compartilham de forma frenética, os comentários que fazem, fica evidenciado que as autodeclarações de ideologias, religiões e opções de comportamento são falsas, fake. Aí mora um perigo: fanáticos ignorantes e analfabetos radicalizando discursos e tornando-se soldados das loucuras alheias que assumem como próprias.
O nível de intolerância e agressão que observamos no comportamento humano no atual momento tem flagrante contradição com os rótulos e conceitos assumidos por muitos, especialmente quando falam de Deus e religião, de ideologia e filosofia, de política e economia. Isso tudo é muito louco. Os gritos tentam silenciar o diálogo. A verdade, a razão e a lógica passaram a ser propriedade privada. A opinião e ponto de vista agridem a ciência e o conhecimento sem pudor e limites.
As contradições entre o que se fala e o que se faz ultrapassaram os limites do ridículo e passaram a oferecer risco à humanidade. Isso se deve à avalanche de irresponsáveis e fanáticos que estão ascendendo ao poder em todo o mundo. Loucos com poder e no poder são um perigo.
Se considerarmos que ideologias são ciências que tratam de ideias, formas de pensamentos que unificam grupos de pessoas, há algo de novo sendo construído ainda não declarado, explicado e assumido.
Exemplo dessa nova lógica de conceitos descabidos, nesses tempos de ignorância empoderada, é a associação da corrupção e crime às ciências das ideologias e da política. Não existe bandido de esquerda ou de direita, socialista ou capitalista, existe bandido.
Não há nenhuma ligação direta entre as ciências e as teorias políticas e a corrupção, exceto os métodos e pressupostos contidos no exercício de poder que diferenciam os sistemas, uns com mais, outros sem nenhuma liberdade.
Na mesma linha de mentiras repetidas estão os comportamentos violentos e intolerantes que se praticam em nome de Deus, em defesa de falsas religiões e igrejas. Desconheço doutrina que abrigue o banditismo e o crime como dogmas.
Nas redes sociais e no universo web sem controle, os cenários ficam mais sombrios quando assistimos, sem ação e reação, os mentirosos, intolerantes, radicais e ignorantes no poder decidindo o destino de pessoas, dividindo nações e o planeta cada vez mais.
Os estudos, a civilidade, a educação e informações qualificadas ainda são a saída.
Antônio Carlos Aquino de Oliveira
Administrador, Consultor, Palestrante e Empresário do setor de publicidade
Uma resposta
Caro Aquino,
Ao que me parece é que estamos vivendo um momento de confusão entre razão e crença. Pessoas com pouca instrução política tem sido “convertidas” e não conquistadas por idéias e ideais. Essa diferença que parece parece ser apenas semântica é, em verdade, abissal para o pensamento político. Todos sabemos que a crença esta a frente da razão na tomada de decisão e, assim sendo, estamos vivendo este momento no mínimo esdruxulo da escolha de candidatos sem a correta avaliação qualitativa do sujeito, os eleitores tem votado por crença, não crença relígiosa, mas crença política o que inibe a correta avaliação racional.