Por Conrado Matos
Os problemas do cotidiano jamais deixarão de existir, a não ser que finjamos que os mesmos não existem. Acho que a vida não pode ficar sem problemas. Deve ser muito chata. Porém, ninguém gosta de problemas. Por isso que muitos não gostam de matemática. Os problemas demais podem estar ligados a uma falta de gerenciamento ou autocontrole. Enquanto poucos problemas podem estar ligados a falta do que fazer. Como podemos ter problemas sem nos prejudicar tanto? Acredito que começa com paciência, saber gerenciar conflitos, saber ouvir e ter empatia com os outros.
Às vezes, os problemas começam mais em nós mesmos e menos vindo dos outros. Nós somos os piores autores dos problemas em nós mesmos e descarregamos os problemas nos outros. Agora, têm problemas que vêm de pessoas conflituosas e não temos como evitar. O que devemos fazer? Usar do equilíbrio e gerenciar.
O isolamento é algo devastador. O deserto é frutífero quando não desprovido de vegetação. O deserto que não é cheio de iluminação não deixa de ser uma área de isolamento doentio, sem produção. Alguns escritores e pensadores em algum momento da vida precisaram se isolar para colocarem suas reflexões e inspirações no papel. Este tipo de isolamento não é patológico, mas um isolamento espontâneo, por livre escolha. O isolamento doentio que faz do eu um prisioneiro das suas emoções, trata-se de uma ilha que separa o sujeito do seu próprio mundo subjetivo e do mundo fora de si. É um cárcere perverso. Uma caverna de homens de pensamentos acorrentados, aniquilados no seu próprio niilismo limitador.
O amor começa pela análise do sujeito. É preciso saber desfazer para saber fazer. O amor se constrói com empatia, cuidado e tolerância. A crise de afeto é um dos conflitos mais agravante do presente, como falta de compreensão e um olhar paciente. Lamentavelmente, a mão que se estende para o outro está deixando de existir. Quando me refiro para o outro, falo da colaboração afetiva. São as poucas amizades e menos companheirismo. Afeto é coisa rara para muitos hoje em dia e o pouco que ainda tem pode acabar e entrar em extinção. O distanciamento dos encontros pessoais tem comprovado essa ausência de afeto. Para existir amor é preciso palavra, uma escuta sincera que possa nos compreender e nos acolher. Então, o amor sem a marcação da presença interpessoal não consegue surgir no íntimo das pessoas. O amor só pode ser restaurado através do eu na relação com o objeto, na união e na aceitação.
A felicidade, lamentavelmente, tem um custo, gozar, gozar, gozar e não se completar. Gozamos tanto que às vezes reclamamos da vida. Sempre falta algo em nós, não nos completamos nunca. Somos deprimentes, temos tristeza, choramos e sorrimos de alegria. Uma simples coisa, um gesto simples, ganhar uma coisa pequena, um gozar a menos, podem nos valer muito mais na vida. Para que tanta felicidade no materialismo e na megalomania? A vaidade é o sintoma do nosso século XXI. Queremos gozar tanto que nos esbarramos em catástrofes, desastres monstruosos. A vaidade vem tendo espaço para os encantos da vida. No fim, vêm os desencantos das perdas e dos lutos.
Conrado Matos
Licenciado em Filosofia, Bacharel em Teologia.
Pós-graduado em Educação em Gênero e Direitos Humanos pelo NEIM/UFBA.
Respostas de 2
O que seria de nós se não houvessem os problemas… Eles nos ajudam a crescer e desenvolver. Crescer nos causa dor, verdade. Mas precisamos dos retalhos para nos tornamos cocha, pois sozinhos não construimos. Precisamos uns dos outros. Jesus precisou de doze discípulos… Imagine nós!
Parabéns pelo artigo.
Os Problemas existem para ser solucionados!! A maioria dificil de serem ingeridos!! NÃO devemos nos isolar para evitar que eles cheguem, pois não resolve!! O homem ter que interagir para conseguir soluções!!! Belo Texto!! Parabéns!! Abraços!!