Por Conrado Matos
Por que a alma sofre no presente? Por que a pior dor é a do passado? Por que a perda nos deixa tão impotentes e solitários? Não toleramos a vida, perdemos o brilho e não nos achamos capazes.
Por que culpamos a dor do presente e os outros, e quando buscamos nas profundezas do nosso interior as próprias respostas, constatamos que é uma dor nossa e do passado?
Uma dor inconsciente que continua recalcada, suprimindo o nosso eu interior; uma dor que fala e não a entendemos e não a escutamos, mas que choca como um curto circuito que provoca faíscas entre dois fios condutores. Fios sensíveis que não se entendem; que não se encontram com a real conexão da vida. Se explodem, se ferem e provocam dor na mente e no corpo. São fios que não se ligam com os polos reais e positivos, porque são imperfeitos e maus instalados.
E quem sofre é o sujeito psicossomático, que se queixa de dor, na manhã e na noite. E tudo em sua vida é motivo de fracasso e de um futuro aterrorizante.
A dor não é nada boa. A perda é amarga e as pessoas não gostam de perder. Tristeza, raiva, crítica e rejeição, as pessoas não costumam tolerar e suportar.
Uma amiga se separa do esposo e me diz que não consegue ficar sozinha. Por que as pessoas não suportam a dor da separação? Por que não querem ficar sem alguém durante um tempo, sentindo a dor da perda, a tristeza e a solidão, vivenciando-os plenamente?
Eu sei que ninguém gosta da solidão, mas é preciso uma dose dela para senti-la com o objetivo de uma reparação pessoal, refletir sobre a vida, gozar de si mesmo, e, daí, pensar em um possível relacionamento novo com outro alguém.
Cada um faça o que quiser da vida, mas não acho recomendável uma pessoa romper com uma relação amorosa, e em seguida, colocar outra na sua vida. Muita calma nesse pote estranho. O bom é optar por um tempo, sozinha, numa análise para se conhecer melhor. O bom é se casar com uma análise temporariamente.
Numa forte carência afetiva, um recém-separado pode se doar demais para alguém, e é preciso muita prudência, para mais tarde não se vê em um golpe, ou no arrependimento de ter feito uma má escolha, sem maturidade.
Recordo-me que Freud, em sua clínica psicanalítica, pedia para que seus analisandos que estavam sem companheiros, não procurassem ninguém durante o período de análise, até que estes adquirissem a maturidade de vida.
Conrado Matos é Psicanalista, Licenciado em Filosofia e Bacharel em Teologia. Pós-graduado em Teoria Psicanalítica. E-mail: [email protected]
Uma resposta
A dor da Separação é tão triste a depender da pessoa leva tempo., para se livrar!! Nos momentos de solidão, sempre recordará o fato com menos Dor!! O Amor chega e o Mundo fica lindo
Belo Texto!!
Abraços!!