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Tradição & História

Por Alcir Santos

 

Até onde sei, a tradição do “Balaio Fechado”, nos tempos modernos, é bem baiana. Desconheço se praticada noutros estados. Para dizer a verdade, nem sei se ainda existe. Minhas lembranças vêm da juventude em Ilhéus, coisa de cinquenta e muitos anos atrás. Mandava a tradição que as práticas sexuais fossem suspensas entre a meia noite de Quinta-Feira Santa e a da Sexta-Feira da Paixão. Só não me perguntem se também era assim no âmbito familiar. Não tenho notícias.

 

Imagem: reprodução de www.jorgeamado.com.br
Imagem: reprodução de www.jorgeamado.com.br

De resto, à medida que se aproximava o fim da sexta-feira, os homens acorriam aos “castelos”, na expectativa de arrumar companhia para abrir o “balaio”. Uma espécie de festa pagã bem concorrida. Mas, é bem que se destaque, a prática do “Balaio Fechado” tem referências ficcionais e históricas. Por exemplo, em “Tereza Batista” (1972) Jorge Amado, aborda a greve decretada pelas damas da noite em represália a ameaça de transferi-las da Barroquinha para a Ladeira do Bacalhau.

 

Em termos históricos, a primeira notícia que se tem, no mundo ocidental, data de 411 a.C., com a comédia grega Lisístrata, de Aristófanes. Fartas da Guerra do Peloponeso, que já durava vinte anos, as mulheres de Atenas, Esparta, Beócia e Corinto, chefiadas por Lisístrata, resolveram recusar sexo aos maridos que não resistiram e acabaram por concluir um tratado de paz. Assim tudo voltou ao normal.

 

Em 2011 os partidos políticos da Bélgica entraram num impasse e não conseguiam formar o governo. Uma senhora propôs às mulheres dos negociadores que fizessem greve de sexo como forma de pressioná-los a encontrar uma decisão. Não demorou e o governo estava formado. Na Colômbia, dois registros, intitulados de “greve das pernas cruzadas”. Em 2006, esposas de membros de algumas gangues do Departamento de Pereira resolveram privá-los de sexo, para obrigá-los a deixar as armas. Posteriormente, as mulheres da cidade de Barbacoas, cansadas de promessas não cumpridas do governo, cruzaram as pernas. Na Libéria, em 2002, Leymah Gbowee liderou uma greve de sexo para forçar o fim da guerra civil que arrasava o país. No final, o temido Charles Taylor foi deposto.

 

Assim, tem-se que o “Balaio Fechado”, pode ser visto, ao longo da história, como um instrumento heterodoxo de coação e política, usado pelas mulheres para obter resultados bem objetivos. Pode que algum leitor mais curioso queira saber se essa arma é usada, individualmente, no recesso dos lares. Bem, aí o assunto se torna muito pessoal e íntimo fugindo, portanto, do âmbito desse artigo. Fiquemos com as informações disponíveis. E uma certeza: Um ardil que vem da Grécia clássica ainda funciona neste confuso e conturbado século XXI.

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