“Parabéns a todos participantes desta luta, aqueles que participaram da viagem e aqueles que nos ajudaram e ficaram torcendo por nós!”.
Esta frase é do taxista José Augusto Lopes, alvará (A-4267) e representa o pensamento de todos os taxistas que viajaram ou contribuíram de alguma forma para que um grupo de aproximadamente cinquenta taxistas de Salvador pudesse se juntar aos colegas de todo o Brasil, durante a mobilização nacional do último dia 8, ocorrida no Distrito Federal.
A mobilização aconteceu com a intenção de sensibilizar os deputados federais sobre a situação que o taxista enfrenta por causa da atuação ilegal dos motoristas do aplicativo Uber.
Os manifestantes se reuniram no parque da cidade e seguiram em direção à Esplanada dos Ministérios em carreata. Em cima de um mini trio, diversos taxistas e políticos discursaram para cerca de quatro mil manifestantes.
Os líderes partidários haviam votado um requerimento de urgência, porém decidiram retirar da pauta a votação da urgência do Projeto de Lei 5587/16, proposto por seis deputados, entre eles o deputado federal Carlos Zaratini (PT-SP), que pretende alterar a Política Nacional de Mobilidade Urbana (Lei 12.587/12) e a lei que regulamenta a profissão de motorista profissional no país (Lei 13.103/15). Uma das mudanças proíbe que veículos particulares descaracterizados sejam usados para obter remuneração ou vantagem econômica por meio da oferta de serviços de transporte de passageiros. Na prática, o objetivo é proibir serviços como Uber.
Para o deputado Zaratini, a mobilização da categoria em Brasília foi de fundamental importância para que o congresso perceba a gravidade dessa matéria e possa votar logo esse PL. “No dia 23/11, haverá uma reunião da comissão geral, na Câmara, com a presença de especialistas, taxistas e interessados no tema. Todos poderão expor seus argumentos para que os deputados possam avaliar melhor. Após esse encontro, será formado um grupo de trabalho a fim de que seja apresentado um projeto de consenso e aí, o PL 5587 possa ser aprovado pela maioria da casa”, explicou. A previsão é que a votação ocorra no dia 8/12.
Num sentido contrário à proibição do Uber, o presidente da casa, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), acredita que o caminho seja harmonizar os dois sistemas. “A maioria dos líderes entende que, de fato, há uma disparidade entre um sistema e outro, mas não se pode criar uma regra para inviabilizar o Uber. Na verdade tem que se criar uma regra para harmonizar o sistema, porque esses problemas vão acontecer em várias áreas, na rede hoteleira, no táxi, pois a modernidade vem, as novidades vão aparecendo e a gente não pode, porque apareceu um produto que tem sido bem avaliado pela sociedade, restringi-lo em favor de outro”, defendeu o presidente.
Ademilton Paim, alvará (A-2773), vice-presidente da Associação Geral dos Taxistas (AGT), pondera que “foi uma viagem bastante produtiva, porque conseguimos chamar a atenção dos parlamentares e um grupo de trabalho será formado para avaliar a nossa condição. Outro ponto positivo é a união da categoria que, hoje, está mais unida do que há nove anos, quando ingressei no sistema de táxi. Ainda falta muito, mas nós vamos vencer esse câncer!”.
João Adorno, alvará (A-6910), diretor de comunicação da Associação Metropolitana de Taxistas (AMT), um dos responsáveis pela viagem dos baianos à capital federal conta que enfrentaram muitas dificuldades nessa viagem, especialmente quanto às acomodações que não existiram. “Dormimos no próprio ônibus, não havia local para tomarmos banho e nossa alimentação foi regada a biscoito e suco, por quase 24h. Mesmo assim, todo o sacrifício valeu a pena”. Ele complementa agradecendo aos colegas e convocando-os para a próxima viagem. “Foi muito importante a nossa ida para Brasília, por isso temos que agradecer a todos os taxistas que viajaram, todos que colaboraram, às cooperativas, às caixinhas e às associações que também nos deram apoio. Quero aproveitar e já reforçar o convite para todos os colegas que desejem viajar conosco para o próximo encontro na capital federal, todos serão muito importantes nessa luta”, reforça Adorno.
Gilberto Silva, presidente da Coastaxi, que obteve uma ajuda de R$ 5 mil da Federação Nacional do Transporte seções Bahia e Sergipe, através do presidente, Décio Barros, lembra que os taxistas poderão depositar qualquer valor numa conta poupança que a comissão abrirá na Caixa Econômica Federal. Até o momento do fechamento desta edição, a conta ainda não havia sido aberta.
Para a próxima viagem, com saída prevista para a madrugada do dia 5/12, Adorno explica que o desafio será ainda maior. “As despesas da próxima viagem estão orçadas em cerca de R$ 28 mil, entre ônibus e estadia para 50 taxistas. Por isso, precisaremos ainda mais do apoio de todos os colegas, porque a batalha será dura”, disse.
Com informações da Agência Câmara Notícias
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