A debandada de passageiros acirrou os ânimos entre dois segmentos de táxis de Camaçari, os de meio fio e os executivos pertencentes a cooperativas. A crise afetou diretamente a procura por corridas de táxis; sumiram não só os passageiros de rua como também aqueles clientes de empresas.
Com a perda de contratos, os táxis cooperados têm solicitado, à prefeitura, autorização para que possam rodar nas ruas como seus pares. O que tem sido contestado por alguns taxistas de meio fio que alegam já sofrerem com a redução de corridas e com a atuação do transporte clandestino.
No município, existe algo como 190 táxis de meio fio, como o próprio nome sugere, atendem aos passageiros nos pontos da cidade e são sindicalizados. Já os executivos, são cerca de 200, fazem o serviço para as empresas, especialmente para o complexo petroquímico, e a sua grande maioria não está vinculada ao Sindicato dos Taxistas de Camaçari (SINTAC).
Taxistas que se colocam em oposição à atual gestão, acusam o presidente do SINTAC, Edson Fernandes de “tentar fazer jogo duplo”, para favorecer os cooperativados.
Nilemar de Carvalho, alvará A-2069, e Eloísio Bastista, alvará A-2097, ambos taxistas de meio fio, alegam que “o presidente do sindicato tem feito solicitações à prefeitura para que os táxis de cooperativas possam fazer corridas de rua como os táxis de meio fio”. Eles afirmam ainda que isso tem acontecido, porque Fernandes, além de ser presidente do sindicato, preside também uma cooperativa, a Disk Táxi. “Nosso serviço não comporta mais táxis, já estamos sofrendo com o transporte clandestino, que está sem controle na cidade e ninguém toma providência”, reclama Batista que é ex-presidente do SINTAC. “Dois diretores já renunciaram e se o terceiro renunciar, a chapa estará automaticamente dissolvida. Queremos a renúncia do presidente, pois ele não nos representa”, é o que pede Nilemar de Carvalho.
Para o taxista Agnaldo Oteiro Filho, alvará A-2179, o presidente está sendo acusado injustamente. Segundo ele, não é Fernandes quem está forçando a situação, mas um decreto municipal. “Existe um decreto assinado pelo ex-prefeito Caetano, em 2010, dando direito ao táxi de cooperativa rodar no meio fio. Entretanto, eu sou contra”.
Raimundo de Souza, alvará A-2181, diretor financeiro do sindicato, explica que com a crise, os táxis de cooperativa querem fazer ponto no meio fio, contudo se posiciona contrariamente. “Sou contra, pois entendo que cada um tem a sua área. Mas não é verdade que Edson esteja liderando esse movimento de trazer o táxi de cooperativa pra rua”. Segundo Souza, o que há é um conflito por Edson estar à frente do sindicato e da Disk Táxi. “Acho que não cabe, mas não pretendo renunciar e dissolver a chapa”.
Em sua defesa, o presidente do SINTAC, Edson Fernandes, negou “fazer jogo duplo” e contou que são os próprios taxistas cooperados que estão lutando por isso. “O sindicato abrange todos os segmentos de táxis; ser sindicalizado é um direito de qualquer um, independentemente da classificação, meio fio ou cooperativa”. Ele continua, “O que está havendo é um jogo político devido ao período eleitoral. Não há ilegalidade em ser presidente de um sindicato e pertencer a uma cooperativa”, sustenta Fernandes.
O Ei, Táxi entrou em contato com a Superintendência do Trânsito e Transportes (STT) para saber o posicionamento da prefeitura diante do problema. De acordo o superintendente, José Humberto Leite, os táxis executivos têm solicitado da prefeitura a abertura de novos pontos, porém esse não é um pedido fácil de atender. “Temos recebido todos os taxistas, compreendemos o momento difícil que passam. Mas abertura de novos pontos não é algo simples porque envolve outras variáveis, mesmo assim temos analisado cada caso com bastante atenção”, explicou Leite.
Questionado também sobre o transporte clandestino, o superintendente reconheceu a dificuldade que o executivo tem em combater a ilegalidade. “Essa queixa sobre o ligeirinho procede. Eles aproveitam a precariedade do transporte coletivo e agem. Mesmo com apoio policial, não temos conseguido dar conta. Esse é um problema de todas as cidades”.