Um motorista por aplicativo, Rafael Barbosa Souza, de 33 anos, foi morto, na noite do dia 29 de dezembro, na cidade de Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador (RMS). A suspeita é que Rafael tenha sido vítima de latrocínio, que é roubo seguido de morte, após aceitar uma corrida, que seria paga em dinheiro, pelo aplicativo 99, segundo informações do sindicato da categoria. Contudo existem algumas maneiras de, ao menos, tentar desviar-se de situações como esta e uma delas é quando o profissional evita aceitar corridas, por aplicativos, que serão pagas em dinheiro. Apesar disto, ainda é muito comum ouvir o taxista dizer que não aceita cartão.
Segundo o Atlas da Violência 2019, do Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, que traz o retrato dos homicídios nos municípios brasileiros, neste caso os números de 2017, Salvador foi, naquele ano, a quinta capital mais violenta do país com 63,5 mortes por 100 mil habitantes, atrás, apenas de Fortaleza-CE (87,9), Rio Branco-AC (85,3), Belém-PA (74,3) e Natal-RN com 73,4 mortes por 100 mil habitantes.
Embora ocupe o quinto lugar, nesse infeliz ranking das cidades mais violentas do Brasil, Salvador já possui uma população maior do que essas cidades (2.886.698 habitantes estimados para 2020, segundo o IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Maior em população, entre as cidades citadas, maior em frota de táxi (7,2 mil veículos) e, possivelmente, maior também em frota de veículos atuando através de aplicativos (35 mil veículo – número não comprovado oficialmente). O que sugere que tanto o taxista quanto o motorista por aplicativo, soteropolitanos, sejam os motoristas mais vulneráveis à bandidagem, em todo o país.
O que aconteceu com o motorista por aplicativo é o maior medo que os taxistas possuem, enquanto trabalham, até porque são alvos da criminalidade. Apesar desta triste constatação, existem maneiras em que os profissionais do táxi podem tentar driblar possíveis ataques dos marginais. Uma destas poucas possibilidades é aceitar corridas oriundas de aplicativos, apenas, com pagamento programado para cartão ou através da própria plataforma. Em ambos os casos, as pessoas precisam deixar mais dados registrados e, como os próprios profissionais sabem, o marginal, não solicita corrida que não seja para pagar em dinheiro.
O problema neste caso é que muitos taxistas insistem em não aceitar corridas com pagamento em cartão ou via plataforma. Existem casos em que o profissional até possui a maquineta, mas diz que não tem para não pagar taxa de administração ou antecipação. É o famoso “barato que pode sair caro”. Põe a vida em risco, mas também não evolui na prestação do serviço.
Nas empresas Elitte Táxi e TeleTáxi Salvador é obrigatório que todos os taxistas possuam maquineta de cartão. A TeleTáxi possui uma flexibilidade para quatro taxistas. “Aqui na TT é obrigatório ter a maquineta, mas quatro taxistas, que são antigos, não querem, então flexibilizamos para estes. Mas temos um filtro e não jogamos as corridas que serão pagas em cartão para eles”, contou Jorge Freitas, Gerente Operacional da TeleTáxi Salvador. Nas cooperativas RodoTáxi e Ligue Táxi também é obrigatório que todos os taxistas possuam a maquineta de cartão.
No Regulamento Operacional do Serviço de Transporte Individual de Passageiros por Táxi em Salvador – SETAX, o Art. 26, traz essa obrigatoriedade para as Cooperativas de Táxis Especiais, Comtas e Coometas, “…deverão atender às seguintes especificações mínimas: V – Mecanismo ou sistema eletrônico de pagamento, em especial terminais de captura para cartões de pagamento (POS), utilizados nas modalidades de débito e crédito”.
No entanto, esse mesmo dever não se aplica aos táxis comuns, que são a maioria da classe.
Consultada, a Coordenação de Táxi e Transportes Especiais (COTAE), informou que não possui um controle sobre quantos táxis comuns trabalham com maquineta de cartão.