As marcas das enchentes de maio ainda são visíveis por todos os cantos de Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. Além dos danos físicos, os sinais mais impactantes são aqueles invisíveis, especialmente para setores como os táxis e lotações, que enfrentam desafios significativos quase três meses após a enchente.
Conforme relatado pelo presidente do Sindicato dos Táxis de Porto Alegre (Sintáxi), Luiz Nozari, e segundo a reportagem de Guilherme Sperafico no Correio do Povo, uma grande parte da frota de táxis continua inoperante, resultando em uma redução drástica no número de veículos em operação. “Eu acredito que ainda hoje temos uns 30% de redução no número de carros nas ruas em função da enchente, devido aos problemas diretos no veículo e também devido ao problema do motorista que perdeu sua moradia. Sem o motorista também não adianta ter veículos”, afirmou Nozari.
Para contornar a situação, os taxistas têm sido parceiros uns dos outros, permitindo que mais trabalhadores da categoria possam atuar. “A gente divide o carro, um trabalha no carro do outro no período em que ele não estiver trabalhando, ou no lugar daquele que não pôde trabalhar porque ficou doente. Assim, vamos nos ajudando”, ressaltou.
A crise econômica decorrente da enchente também afetou a demanda por serviços de táxi. Com muitas empresas fechadas e menos pessoas circulando, a quantidade de corridas diminuiu significativamente. “Nós dependemos diretamente do consumo. As pessoas compram, saem para se divertir e utilizam o táxi. Muitas não estão saindo para se divertir porque não têm nem o que comer, não têm onde morar. Então o serviço da noite diminui, o serviço do fim de semana diminui e assim sucessivamente”, explicou Nozari.
Apesar das dificuldades, a expectativa é de que a situação melhore nos próximos meses, à medida que a cidade se recupere e a economia comece a se restabelecer. Nozari espera que, em breve, a frota de táxis possa voltar à normalidade, embora o processo seja gradual. “Gradativamente nós estamos voltando, mas hoje ainda temos 30% a menos. Espero que logo tenhamos de volta a dita normalidade”, acrescentou.
Enquanto trabalha para se reerguer, a categoria espera que seja criado algum auxílio específico do governo para ajudar na recuperação. “Foi nos prometido tudo, mas não foi entregue nada. Ao taxista, diretamente, não houve auxílio nenhum. É nós fazendo por nós”, concluiu Nozari.
Fonte: Correio do Povo/Guilherme Sperafico