A concorrência clandestina e desleal dos motoristas do aplicativo Uber está impactando significativamente no faturamento e, portanto, na vida do taxista. A grande maioria da categoria já perdeu 60% de seus clientes. Muitos pela crise, porém muitos pela concorrência dos uberistas.
É fácil ouvir entre os taxistas que a população só está migrando do táxi para o Uber por causa do preço da corrida.
Não há como negar que existe um dumping escancarado praticado pela Uber. É obvio que uma corrida de R$ 7,00 não pagará o custo do serviço se for colocado tudo na ponta do lápis. Aliás, os próprios motoristas do App sabem disso e muitos se desligam da plataforma quando percebem que a receita não é justificável perto do investimento e do risco que a atividade exige. Ou seja, colocar um veículo em jogo, tendo custo com combustível, manutenção, seguro e depreciação, além das despesas com a própria alimentação, mimos para os passageiros, taxas do aplicativo e a força de trabalho que precisa ser remunerada, é muito para tão pouco. Sem falar no risco que a profissão traz. Trabalhar nas ruas com desconhecidos, entrando a todo instante no veículo é, por si só, um motivo para a desistência.
Entretanto será que é só por conta do preço que o passageiro está migrando para o Uber?
O taxista que passa o dia pensando nisso e defendendo essa tese, está na verdade se enganando. O preço é uma variável que mexe com o bolso e com certeza faz a diferença. Mas não é só isso. Muitos passageiros têm aproveitado essa situação para se manifestar com relação ao atendimento prestado pelo taxista ao longo de décadas.
Sem entrar no mérito da ilegalidade do serviço prestado pelos motoristas do Uber, o fato é que o taxista continua dormindo no ponto e achando que um bom atendimento não faz a diferença. Ledo engano, pois faz sim.
Já passou da hora deste profissional do volante entender que atender clientes é muito mais do que foi transportar passageiros. É necessária uma visão empreendedora.
O táxi teve uma origem na informalidade e depois passou a ser regulado, taxado e fiscalizado pelo município. Para ser taxista não se exigia nada e até hoje não se exige quase nenhuma qualificação, a não ser aquelas ligadas ao trânsito.
Um serviço que era privado e passou a ser concedido pelo ente público devido o interesse da sociedade nessa relação, mas que continua com características de privado visto que o taxista vai trabalhar se quiser. A prefeitura até fala que a categoria precisa manter 30% da frota nas ruas, mas na realidade não possui qualquer controle para que isso funcione. Essa anomalia causa uma interpretação dúbia para muitos. O táxi é privado ou público?
Talvez por se achar privado, livre de maiores cobranças e acreditando que nadaria em oceano azul por toda a vida, a maioria da classe jamais se interessou em buscar uma qualificação profissional e transformar-se num empreendedor.
Paralelo a isso, a esfera pública que se preocupou em taxar e punir fechou os olhos para o suporte na qualificação deste profissional. Se era de interesse público, seria razoável que a prefeitura se preocupasse também com a qualidade deste serviço.
Eis que a realidade do avanço tecnológico bateu à porta e agora o taxista se vê numa situação de desvantagem.
Portanto, amigo taxista, empenhe-se e foque na sua qualificação para que o cliente perceba que o seu atendimento é de excelência.