A fila do táxi comum no aeroporto de Salvador, que deveria funcionar como uma “fila indiana”, de maneira organizada para atender tanto taxistas quanto passageiros de forma justa e eficiente, tem sido marcada por distorções e irregularidades que comprometem seu correto funcionamento. Essas falhas têm prejudicado taxistas que não atuam regularmente no local e, principalmente, passageiros que necessitam de um transporte rápido e eficaz para os bairros mais próximos do terminal aéreo, como Itapuã. A falta de fiscalização e organização por parte da Coordenação de Táxi e Transportes Especiais de Salvador (Cotae) é um dos principais fatores que contribuem para esse cenário. Taxistas que não atuam no local denunciaram as práticas cometidas no controle e organização da fila que não é privatizada.
A fila é organizada em três seções distintas:
– Na fila 1, localizada em frente ao estacionamento, ficam estacionados 4 carros.
– A fila 2, um pouco mais afastada, em frente à baiana de acarajé, acomoda 6 carros.
– Já a fila 3, próxima ao ponto de ônibus, comporta outros 16 veículos.
No entanto, essa estrutura supostamente organizada esconde práticas irregulares como explicam taxistas que fizeram a denúncia, mas pediram anonimato por medo de represálias. “Ao invés de seguir uma fila indiana, como seria o correto para garantir a ordem de chegada, as posições são marcadas manualmente em uma prancheta mantida pelos próprios taxistas na fila 2”, contou um dos denunciantes. Esse sistema de marcação abre espaço para manipulações e favorecimentos, dificultando a entrada de taxistas que não trabalham regularmente no aeroporto e comprometendo a transparência do processo.
Uma das práticas mais criticadas é o tratamento dado às chamadas “corridas curtas”, que envolvem trajetos para bairros próximos, como Itapuã, Piatã, Placaford e também a cidade de Lauro de Freitas. O décimo carro da fila — o sexto da fila 2 — é designado para essas corridas. O primeiro problema surge quando o taxista, após completar a viagem, tem a possibilidade de retornar para a “cabeça” da fila 3, desde que respeite um intervalo de 1 hora e 15 minutos. Como não há fiscalização efetiva para garantir que o tempo estipulado seja realmente cumprido, levanta-se suspeitas sobre possíveis irregularidades no retorno desses veículos à fila. Além disso, quando trata-se de um taxista novo na fila, ele é impedido de ocupar essa posição, de maneira a evitar que ele retorne e pegue uma segunda corrida num tempo mais reduzido do que aqueles que “controlam” a fila. “Na verdade, o objetivo deles é que a gente passe muito tempo na fila e quando a gente consiga uma corrida, não se sinta estimulado a retornar pra fila”, diz um dos taxistas revoltado com o que chama de “esquema”.
Essas práticas afetam não apenas os taxistas, mas também os passageiros, que muitas vezes precisam esperar além do necessário para corridas curtas. Isso ocorre porque o veículo que deveria estar à disposição na fila 1, na verdade, não fará aquele trajeto, que será feito pelo colega da fila 2. “Eu já presenciei situações em que o motorista que vai fazer a corrida curta não está no carro, então, até que ele chegue e fique à disposição do cliente, minutos já se passaram, o que compromete a eficiência do serviço e irrita o cliente”, explica o taxista.
Apesar das inúmeras queixas de taxistas e passageiros, a Cotae permanece omissa em sua responsabilidade de organizar e fiscalizar o funcionamento da fila do táxi comum no aeroporto, uma fila de todos os profissionais. Essa ausência de atuação por parte do órgão reforça um ambiente de desordem e favorece práticas que desrespeitam os direitos de quem utiliza o terminal como ponto de trabalho ou como meio de transporte. “Se durante o dia, os fiscais da Cotae não fazem nada, imagine como é isso durante à noite!”
A situação evidencia a necessidade de uma ação urgente da Cotae para restabelecer a ordem, garantindo que todos os taxistas tenham as mesmas oportunidades de trabalho e que os passageiros sejam atendidos de forma eficiente e segura.
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