Taxista há 27 anos na cidade do Rio de Janeiro, Luis Carlos, 54 anos, mantém a aposta no TAXI.RIO e garante que o aplicativo é a salvação da categoria. Segundo Luis, a plataforma ainda apresenta falhas porque não pertence a uma grande multinacional, logo não tem o mesmo investimento de outras. No entanto, o taxista avalia que a categoria precisa ter paciência, acreditar e colaborar para que o TAXI.RIO se torne ainda mais conhecido entre os cariocas e turistas.
O Ei Táxi bateu um papo com Luis Carlos para saber se o projeto TAXI.RIO ainda é a melhor alternativa para os taxistas do Rio de Janeiro.
Como tem sido o desempenho do aplicativo ao longo do tempo?
A cada ano, ele vem melhorando, tanto que eles querem expandir pra outras cidades. Mas um dos problemas do TAXI.RIO é ser municipal e isso envolve burocracia, política, então existe uma demora pra resolver as coisas. Na troca de gestão houve um atraso no desenvolvimento do aplicativo, mas é uma ferramenta que funciona e tem sido responsável em ajudar os taxistas, especialmente nesse momento de pandemia.
Qual é o tempo médio de espera do passageiro?
Cinco minutos.
Qual é a avaliação que os passageiros fazem do TAXI.RIO?
Estamos num estágio regular, porque o aplicativo ainda apresentar falhas, mas havendo investimento pode melhorar muito. 4.8 é a média de estrelas dos taxistas.
O taxista pode avaliar o passageiro?
Não, só o contrário.
O aplicativo tem fluxo de chamadas de corridas?
Antes da pandemia, dava mais ou menos 25 mil corridas diárias, mas muitas corridas eram canceladas tanto pelo motorista quanto pelo usuário. Como não existia punição, as pessoas cancelavam.
Porque existem reclamações de demora?
Porque infelizmente tem taxista que fica cancelando a corrida. Mas existem casos de cancelamento automático por falha do aplicativo mesmo. Às vezes o passageiro pede e cancela, pede e cancela, pede e cancela, aí a gente entra em contato pra saber se ele vai mesmo querer a corrida e ele fala que o mapa mostra que o carro está parado.
Porque os taxistas cancelam as corridas?
Os cancelamentos ocorrem por alguns fatores como endereço do ponto de origem (se for perigoso, o cara não vai); às vezes, tem taxista que quer boicotar o aplicativo, aí o cara aceita a corrida e depois cancela e fica fazendo isso, porque o aplicativo não tem aquela função de cair para o próximo carro disponível, o passageiro tem que pedir novamente; tem aquele taxista que tá indo pegar o passageiro onde vai dar 40% de desconto e de repente, alguém põe a mão pedindo o táxi na rua, aí o cara cancela; às vezes o taxista tá num ponto movimentado como em um aeroporto, aí o usuário chama e ele fica aceitando e cancelando pra forçar o passageiro ir até a fila de táxi. Existem problemas no TAXI.RIO, o aplicativo ainda não está 100%, mas muitos estão vendo que precisamos do aplicativo, principalmente agora, na pandemia.
Há punições para quem cancela a corrida?
Agora, tá começando a punir quem tiver três cancelamentos no dia, algo assim.
Por que usuários ainda reclamam da impossibilidade de comunicação entre taxista e passageiro?
Antes não tinha, mas já existe um chat, que o passageiro pode falar com o taxista ou até ligar pra ele.
O taxista recebe o pagamento das corridas pelo aplicativo?
Havia um contrato de uma empresa com a prefeitura, mas esse contrato acabou e ainda não foi renovado. Estamos há um ano sem aceitar pagamento pelo aplicativo. Mas nós podemos receber pelo QR Code do Mercado Pago.
Houve a implantação da “fila virtual”?
Não.
O App tem outras funções em operações da prefeitura?
Tem. Nós passamos informações de trânsito para a prefeitura, buracos na rua, sinal quebrado, árvore caída.
Por que a prefeitura não realiza grandes campanhas publicitárias?
O problema da divulgação é que se a prefeitura fizer algo, os caras dos aplicativos entram com reclamação no Ministério Público, alegando que a prefeitura está gastando dinheiro público no TAXI.RIO, aí vai gerar problemas pra gestão. No início até teve, mas o MP logo se manifestou contra. A maior propaganda é de boca em boca através do taxista. Criou-se um grupo, Marketing Soluções, até faço parte, pra divulgar o TAXI.RIO. Fizemos uma caixinha e conseguimos botar propaganda nas rádios, depois de pedirmos autorização pra prefeitura.
Porque o aplicativo está sem atualização desde julho de 2020?
No início, havia atualizações semanais, mas ultimamente não teve mesmo. Houve uma queda de demanda muito grande por causa da pandemia. Também houve redução de mão de obra dentro da prefeitura.
Por que taxistas se queixam do aplicativo nas redes sociais?
O cara tá acostumado a trabalhar com os aplicativos de ponta, das multinacionais. O TAXI.RIO não um aplicativo de uma multinacional, existem falhas, cai, dá uns probleminhas.
Taxistas também comentam que o TAXI.RIO faliu. Isso é verdade?
Não faliu. O TAXI.RIO virou patrimônio cultural depois de um projeto de lei aprovado na Câmara Municipal [na verdade, foi o táxi, conhecidos como “Amarelinhos”, que virou Patrimônio Cultural Imaterial da cidade através da Lei n°7936/2018].
Qual o principal desafio do TAXI.RIO?
Infelizmente ainda tem muita gente que não conhece o aplicativo. A geração mais nova está acostumada com os aplicativos de ponta e reclama do TAXI.RIO. Ainda precisa melhorar muito, mas a atual gestão está disposta a encontrar uma forma de investir na plataforma, de repente uma parceria público-privada, não pode privatizar.
Isso geraria taxa para os taxistas. E aí?
Isso poderia gerar taxas para o taxista, mas se for pra melhora, a gente concorda, mas teria que mudar a lei. Acredito que o taxista aceitaria pagar uns 5% de taxa por corrida.
Você ainda acredita no sucesso do TAXI.RIO?
A coisa tá ruim, se não tivesse o TAXI.RIO estaria muito pior, muitos taxistas teriam largado a profissão aqui no Rio de Janeiro. Durante a pandemia, os outros aplicativos não chamavam e o TAXI.RIO continuou chamando. O TAXI.RIO é a salvação!