A proposta da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) de instalar botões do pânico nos táxis de Salvador gerou uma polêmica com a Associação Geral dos Taxistas (AGT). Na última sexta-feira (28), representantes de empresas e cooperativas de táxis, além de executivos de empresas de transporte por aplicativos, se reuniram, mais uma vez, no Centro Administrativo da Bahia para discutir acordos de cooperação técnica destinados a melhorar a segurança de trabalhadores e usuários desses serviços. No entanto, a AGT, representada por seu presidente, Denis Paim, se recusou a participar da reunião, criticando duramente a proposta.
Transferência de Responsabilidades
Denis Paim argumenta que a SSP-BA está terceirizando suas responsabilidades ao propor a instalação do botão do pânico. “Fui convidado pela Secretaria de Segurança Pública para participar da segunda reunião, mas por não concordar com o que eles estão propondo, que é o botão de pânico, eu não fui. Estão tentando mudar a necessidade de uma delegacia especializada e de uma abordagem mais incisiva no táxi com passageiro”, declarou Paim.
Riscos e Perigos
Paim, que é taxista há 15 anos e já foi vítima de assaltos várias vezes, considera a ideia do botão do pânico um grande risco para os taxistas. “Essa questão de botão de pânico no táxi é um perigo muito grande para a categoria. Eu não vou botar botão de pânico no meu carro. Todo mundo vai saber onde fica o botão do pânico e se o taxista não informar ao bandido, pode ser morto.”
Além disso, Paim critica a proposta da SSP-BA de eleger uma entidade da classe para funcionar como central de alerta. “Você acha que ninguém vai descobrir quem informa a polícia que o taxista está sendo assaltado? Quem vai garantir a segurança dessas pessoas? Além disso, quem vai assumir esse custo dessa operação?”
Dados Inconsistentes e Descaso
Segundo o presidente da AGT, a SSP-BA frequentemente contesta os dados de assaltos fornecidos pela AGT, alegando inconsistências devido à falta de registros nas delegacias. Paim explica que muitos taxistas desistem de registrar boletins de ocorrência devido às dificuldades e demora no processo, além da falta de estrutura nas delegacias. “Eles dizem que os dados da AGT não batem com a secretaria, mas não reconhecem quando eu coloco os motivos de não haver boletim de ocorrência. Toda semana tem taxistas sendo assaltados, o bandido levando o celular ou forçando o taxista a fazer pix. A verdade é que eles estão procurando um enxugamento de gelo para não justificar os assaltos que têm ocorrido dentro da categoria de táxi.”
Sugestões da AGT
Denis Paim já apresentou sugestões para melhorar a segurança dos taxistas, incluindo a criação de uma delegacia especializada, a priorização de boletins de ocorrência, abordagens a táxis com passageiros, maior agilidade no atendimento do 190, e suporte eficiente quando o veículo é encontrado pelo rastreador. No entanto, ele afirma que essas propostas não têm recebido a devida atenção.
Estatísticas de Assaltos
Os dados apresentados pela AGT revelam a gravidade da situação:
– Taxistas Assaltados:
– 2021: 519
– 2022: 681
– 2023: 419
– 2024: 193
– Veículos Tomados de Assalto:
– 2021: 101
– 2022: 108
– 2023: 55
– 2024: 19
A proposta da SSP-BA de instalar botões do pânico nos táxis foi recebida com forte oposição pela AGT, que considera a medida ineficaz e perigosa para os taxistas. Denis Paim, presidente da AGT, insiste na necessidade de uma abordagem mais direta e efetiva das forças de segurança, cobrando ações concretas e estruturais para garantir a segurança dos profissionais e usuários dos serviços de táxi em Salvador. A categoria segue atenta e mobilizada, aguardando respostas e medidas mais assertivas por parte das autoridades competentes.