Por Helton Carlucho
Nove localidades são apontadas como principais focos de crimes contra taxistas
Em pleno dia dos pais, o taxista Raimundo Rosendo (A-0366) foi assaltado. “Peguei ele na rodoviária, bem-arrumado, bem-vestido. Ele ia para o Pelourinho, mas, quando chegou na Rua Chile, falou: perdeu”, descreve o profissional, que é um dos 15 taxistas assaltados no mês de agosto, em Salvador. Armado com uma pistola, o meliante roubou cerca de R$ 300,00 do motorista.
Essa foi a segunda vez que Raimundo foi assaltado só este ano. Alguns meses antes do caso já citado, ele e um passageiro foram abordados por dois homens armados, na região da Ilha Amarela. “Levaram o meu dinheiro, e do passageiro foi tudo. Até a aliança dele”.
Casos como esses têm sido recorrentes na capital baiana. Dados da Associação Geral dos Taxistas (AGT) revelam que 236 taxistas já foram assaltados em 2019.
Para Denis Paim, presidente da AGT, o número acende um alerta na categoria, que se sente desamparada. “Os taxistas estão desassistidos. Precisamos de mais dedicação das polícias militar e civil”, cobra. Ainda segundo ele, a impunidade colabora com o alto índice de crimes. “A certeza que vai ser liberado faz com que esses marginais continuem nos assaltando”.
Outro caso levantado pela reportagem do Ei, Táxi é o de Antônio Alves (A-2727), atacado no bairro de Patamares. “Fizeram o assalto a um carro e eu ia passando no momento quando eles iam saindo, daí me abordaram. Apontaram a arma, tomaram a chave do meu carro, tomaram o celular, dinheiro, e depois foram embora no outro carro”, lembra.
Apesar dos acontecidos, nenhum dos taxistas foi à delegacia prestar queixa. O medo de represálias e a demora no atendimento são apontados como motivos para o não registro.
Pensando em situações como estas, a categoria também tem reivindicado a instalação de uma delegacia especializada para crimes ao taxista. O grande número de ocorrências seria a justificativa para o pedido. No entanto, a Secretaria de Segurança Pública (SSP), alega que o pleito é inviável.
Casos que repercutiram – No mês de junho, o taxista Luiz Antônio Ribeiro, de 60 anos, foi esfaqueado no pescoço durante um assalto. Um casal solicitou corrida do Hospital Geral do Estado (HGE) para o Calabar e ao chegar no bairro anunciou o crime. Após o ataque, os criminosos fugiram com o celular da vítima e uma quantia de dinheiro. O taxista conseguiu dirigir até o HGE, onde foi atendido, e em seguida teve alta.
Também vítima de meliantes, o motorista Tiago Cerqueira foi ameaçado e obrigado a participar de assaltos na Pituba. Ele estava no ponto onde trabalha, no final de linha do Vale das Pedrinhas, no Nordeste de Amaralina, quando dois homens pediram por uma corrida com destino à região da Avenida Centenário. Segundo o taxista, os dois criminosos estavam armados com uma pistola e obrigaram que ele continuasse a corrida. Durante o trajeto, eles pararam para assaltar um homem e uma idosa, que tiveram seus pertences roubados.
Questionada sobre os casos pelo Ei, Táxi, a SSP informou que desde dezembro de 2018 começou a operar com o Sistema de Reconhecimento de Placas. “Através de câmeras espalhadas por Salvador e RMS, assim que um veículo com restrição de roubo ou furto passa por aquela determinada região um alerta é gerado e a guarnição mais próxima é direcionada”, explicou. No que diz respeito a táxis, o órgão informou que a PM foi orientada a aumentar as abordagens, principalmente quando o carro estiver com passageiros.
AGT pede providências ao Comando da PM
No dia 30 de julho, membros da Associação Geral dos taxistas se reuniram com representantes do Comando Geral da Polícia Militar para reivindicar ações de combate ao crime contra taxistas. “Tivemos uma reunião importante com o Comandante Bruno Sturaro. Passamos a situação, e ele se responsabilizou por aumentar as abordagens e blitze”, explica Denis Paim.
“Pedimos que nas blitze prestem mais atenção, que peçam ao taxista para baixar os vidros, que olhem se o motorista não está assustado, que sempre peçam o crachá de identificação, para verificar o condutor”, completa.
O grupo recebeu posicionamento favorável da PM, que deve realizar uma reunião interna de planejamento antes de iniciar as ações.
A expectativa é que as abordagens sejam iniciadas no próximo mês, a começar pelas nove áreas apontadas como mais perigosas pela categoria: Valéria, Águas Claras, Itapuã, Iguatemi, Castelo Branco, Costa Azul, Liberdade, Fazenda Grande, Brotas e Pernambués.
Dicas de segurança
1 – Esteja sempre em contato com a central passando informações de seu percurso, informando quantos passageiros você levará. Deixe as pessoas dentro do carro perceberem que você comunicou todos os detalhes;
2 – Comunique-se com seus colegas de profissão periodicamente. Estabeleça códigos para informar situações de perigo;
3 – Observe o passageiro. É preciso ter cautela, uma vez que existe um risco crescente de assaltos e agressões;
4 – No caso de já estar com a viagem em curso, se houver qualquer movimento inadequado, é possível dizer que está com algum problema mecânico e parar em um local iluminado e com muitas pessoas;
5 – Fique atento ao que acontece fora do seu veículo. Caso perceba alguém seguindo o seu automóvel, procure parar o quanto antes, mas em um lugar movimentado. Evite passar em locais de risco, tais como terrenos baldios, priorizando deixar seus passageiros também em lugares iluminados;
6 – Evitar ter objetos de valor no carro. Ter um carro equipado e com total conforto facilita o dia a dia dos motoristas de táxi. Entretanto, é necessário manter o mínimo de itens de valor em seu veículo.
7 – Deixe claro que o carro é monitorado. Um aviso dentro do carro — pode ser um adesivo — indicando que o veículo é monitorado também costuma inibir ações de violência e assaltos. Além disso, ter um rastreamento ou seguro também é medida valiosa entre as dicas de segurança.