Por Helton Carlucho
À frente da Coordenadoria de Táxi e Transportes Especiais de Salvador (Cotae) desde o início de junho, Clemilton Santos recebeu a reportagem do Ei, Táxi na sede do órgão. Na conversa, entre outros assuntos, o gestor falou sobre seus primeiros meses de gestão e revelou que tem sido “muito árduo”. O servidor que atuava anteriormente em um cargo de chefia no setor de ônibus, reconhece que “a atividade era algo que desconhecia”.
No entanto, ele diz que apesar da pouca experiência com táxi, tem conseguido atender às demandas, inclusive melhorando procedimentos internos do órgão. “Como me foi dado o direito de fazer as mudanças que eu achasse necessária para que a coisa fluísse, fizemos algumas mudanças no corpo de fiscalização, que era uma área que a gente precisava. Adequamos também a área interna administrativa”, conta.
Ele só lamenta não ter conseguido fazer todas as mudanças necessárias, “devido aos custos”, mas diz que, mesmo com as limitações, tem recebido respostas positivas da categoria. “Meu objetivo foi mudar a Cotae de dentro para fora, porque não adiantava eu ir para a rua, atacar a operação, e as pessoas chegarem aqui e não verem a diferença. Quem está vindo aqui está dando esse testemunho que está havendo uma diferença”.
Apresentamos alguns questionamentos antigos da categoria ao novo gestor. Confira as respostas:
Ei, Táxi: Como tem sido a relação com as instituições que representam a categoria?
Clemilton Santos: Tenho recebido todos. Tenho uma boa relação, sejam associações, seja sindicato. Até então, tem sido tranquilo. Tenho passado o que pretendemos fazer, que não é nada que não esteja escrito na lei que regulamenta o serviço.
ET.: Enquanto gestão pública, como você projeta a categoria para daqui a alguns anos? Como eles devem agir para reduzir os danos causados pela concorrência desleal imposta pelos aplicativos?
CS.: Acho que o taxista primeiro precisa se unir. […] Se eles não conseguem união entre eles, como vão combater o que está sendo danoso ao serviço? Acho que primeiro é preciso criar essa consciência e, a partir disso, a coisa deve tomar outro rumo.
ET.: A categoria tem reclamado da atuação da Transalvador e isso é uma questão recorrente. Existe alguma forma da Cotae intervir para que isso melhores?
CS.: Devido ao meu alinhamento com a gestão, tenho uma facilidade de contato com Fabrizio Muller [superintendente da Transalvador] e os demais, e a gente já tem feito ações nesse sentido. O pessoal já sentiu a diferença em eventos, com relação ao tratamento nas barreiras. Ainda assim, a gente tem algumas dificuldades que vão se quebrando com o passar do tempo.
ET.: A categoria possuía um ponto de apoio antes do bambuzal do aeroporto, com 15 vagas, que, inclusive atendia taxistas do interior que vinham pegar os seus clientes. Foram colocadas placas de proibido parar e estacionar, sem aviso prévio. Em seguida, os veículos de aplicativos passaram a utilizar o local mesmo com a sinalização. Após a categoria questionar, a prefeitura retirou a sinalização e passou a permitir a fila dos aplicativos. Pela lei, os aplicativos não podem ter fila como os táxis, o que o gestor acha sobre isso?
CS.: Como sabemos, sinalização de área não é papel da Cotae. Como o serviço dos aplicativos não é regulamentado, ele é tratado como qualquer outro. Se tinha uma sinalização e eles descumpriam, com certeza receberam inúmeras notificações. Se a sinalização foi retirada e o local passou a ser utilizado pelos aplicativos, só a Transalvador pode responder, não é competência nossa questionar a sinalização.
ET.: A prefeitura exige que o táxi use a cor branco sólido. Mas alguns veículos vendem muito para o varejo na cor sólida e isso prejudica o táxi, pois, aumenta muito o prazo de entrega do carro. Não seria uma ajuda ao mercado a flexibilização dessa regra e permitir, por exemplo, o uso da cor branco pérola?
CS.: Nós estamos prezando em fazer o que está previsto na legislação. Nesse caso, o ideal é que se protocolasse um requerimento nesse sentido para ser analisado pela secretaria, e a diretoria, com seu corpo jurídico, daria um parecer.
ET.: Na sua visão, seria estratégico repensar a padronização do táxi para torná-lo mais competitivo?
CS.: Aí a gente descaracterizaria o serviço. Particularmente não vejo que seja viável, até porque nas outras capitais o serviço de táxi sempre tem uma identificação, uma referência. Se for se assemelhar ao veículo de aplicativo, você perderia totalmente a característica do serviço.
ET.: O que a Cotae poderia fazer para desburocratizar mais o órgão, facilitando a vida do taxista.
CS.: A gente já tem feito. Temos dado aos setores a autonomia devida, cada setor tem a sua competência. Então é lá no setor que resolve, aqui na coordenação se dá a diretriz e o setor tem competência para resolver os assuntos. Estão, todos instruídos para dar o melhor atendimento, acolher da melhor maneira, mas fazer o que está previsto.
ET.: Vocês pensam em algo para agilizar os processos, a exemplo de torar o processo digital?
CS.: Já sinalizamos nesse sentindo. A gente tem um arquivo [físico], que está ficando inviável. Por isso, já demos entrada em um processo para a aquisição de scanners, para que a gente faça todo o serviço de forma digital. Então o taxista vai apresentar a documentação, ela será digitalizada e devolvida no ato.
ET.: Vocês têm algum projeto que possa impactar significativamente a vida dos taxistas?
CS.: A gente tem uma dificuldade grande que é o efetivo. Acreditamos que com a chegada dos novos agentes que fizeram o concurso recentemente, poderemos dar uma guinada nas nossas operações. Também temos um planejamento para começar a colocar em prática uma nova rotina de atuação. Vamos dividir a cidade por áreas e a viatura da área terá um itinerante organizado para que o taxista que não vê o agente da Coate passe a ver. Temos uma gama de ações organizadas que devem começar no final de agosto.