Após dois mandatos, ACM Neto fecha um ciclo que durou oito anos à frente da prefeitura de Salvador. Comandando a Superintendência de Trânsito de Salvador (Transalvador), Fabrizzio Muller, assim como o seu chefe, irá atingir a marca de oito anos à frente o órgão municipal. Convidamos o Especialista em Trânsito, Transportes e Segurança de Trânsito, o Engenheiro Eletricista Nelson Prata, para comentar o relatório emitido pela Transalvador entre os anos de 2013 e 2018, mas também sobre os novos semáforos que estão sendo instalados na cidade. Veja abaixo a avaliação de Nelson Prata.
A qualidade de vida em uma cidade mede-se, em grande monta, pelos itens segurança e conforto no exercício do direito de ir e vir. Pode-se afirmar com razoável grau de certeza, que estes itens, contam de forma decisiva para a fixação de seus habitantes e pelo grau de civilidade apresentada por eles. Serviços de melhor qualidade, em termos de CONFORTO e SEGURANÇA traduzem-se em satisfação e alegria de viver e residir, onde se verificam menores graus de vandalismo e crescente prática de gentileza urbana!
Aqui nos referimos aos serviços públicos de caráter geral, cujo aperfeiçoamento contribui decisivamente para a melhoria do IDH de uma urbe. Mas, sem sombra de dúvidas a melhoria da governança no binômio Trânsito e Transportes é de longe o contributo mais sensível para a melhoria vivencial dos cidadãos urbanos.
Se compararmos os dados estatísticos de diminuição de fatalidades e de gravidade nos acidentes de trânsito, a partir de 2010, portanto antes do início do relatado oficialmente, vemos que a melhoria nas condições de CONFORTO e SEGURANÇA são realmente notáveis!
É de se notar que a Administração Municipal do Prefeito ACM Neto, em sintonia com o gestor setorial Fabrizzio Muller, concentrou sua atenção, na questão central que rege o funcionamento das cidades: o TRÂNSITO. Enfoque a meu ver correto, já que TRÂNSITO é a função-mãe, que subordina as demais atividades e conceitos presentes no cenário urbano como o transporte de passageiros, de carga e o neófito conceito de MOBILITY [diversos tipos de transportes como um único serviço], que a meu ver está fora de foco, pois “mobilidade urbana” nada mais é que um sinônimo de FLUIDEZ!
Na verdade, o foco deveria ser Mobilidade nos TRANSPORTES urbanos. Lacuna que realmente existe no sistema de transporte urbano, principalmente no que tange ao incremento da integração intermodal, visando maximizar a efetividade matricial.
Quanto à modernização dos sistemas semafóricos, via utilização da IA-Inteligência Artificial, é uma excelente medida uma vez que os métodos de definição de programas de ciclos e fases semafóricas são, via de regra, obtidos por intermédio de contagens volumétricas de veículos, em períodos de pico e fora de pico (p.ex.método de Webster), portanto com alto grau de rigidez.
O uso de IA se assemelha ao “Método das Probabilidades de Desempenho”, que considera as condições reais das aproximações das intersecções viárias, conferindo maior aproveitamento espaço-temporal da Capacidade Viária.
Sou de opinião que a melhora da fluidez geral acaba por beneficiar o transporte coletivo. Sou, no entanto, reticente quanto ao uso de ciclovias em longas distâncias, pois tendem a retirar Capacidade do Tráfego geral nos corredores respectivos.
Considero ainda que um problema gravíssimo surgiu com o acionamento, sem limites, de veículos privados por plataformas como Uber, pois trata-se o automóvel privado, um veículo de baixíssima capacidade de transporte, que usurpou função pública exercida pelo modal público táxi, criado exatamente para atender ao nicho de demanda essencial não cativa de passageiros, de caráter restrito, incompatível com a filosofia de mercado imposta por tais plataformas.
Esta é a causa p.ex. do aumento do número de motocicletas em circulação, em face da retirada de passageiros do transporte coletivo, forçando a diminuição do número de ônibus das linhas, movimento diametralmente oposto à idealização romântica do uso de bicicletas como opção de viagens pendulares do tipo “casa-trabalho” e outras.
Voltando ao caso de Salvador, vejo com bons olhos, a retomada da preocupação do Planejamento Público setorial do Binômio Trânsito e Transportes, desmontado no país.
Por fim, é realmente digno de aplausos a proeza realizada pela TRANSALVADOR em diminuir em quase 54% o número de mortes no trânsito no período sob comento. A queda na gravidade dos acidentes com vítimas não fatais, é também digno de nota e indica que o adequado tratamento dado ao trânsito da Capital baiana está no rumo certo.
Medidas alternativas, utilizando o policiamento, a fiscalização, a educação, o planejamento, a operação, a racionalização dos transportes, a engenharia e a regulamentação setorial, no que, hoje, chamamos “Pirâmide do Trânsito” farão de Salvador um exemplo para o Brasil.
Parabéns ao Fabrizzio Muller e à Administração ACM Neto!
Nelson Prata Engenheiro Eletricista
Especialista em Trânsito, Transportes e Segurança de Trânsito












Uma resposta
Quanto ao tópico alusivo à retomada do Planejamento Público do binômio Trânsito e Transportes em Salvador, saiu grafada a palavra “demonstrado”, ao invés de DESMONTADO,
Solicito corrigir. Pois é fato que o Planejamento Público setorial foi desmontado em nível nacional, com a extinção de órgãos como a EBTU, o GEIPOT, bem como a retirada do Sistema Nacional de Trânsito do âmbito do Ministério da Justiça, além da equivocada municipalização do Trânsito.