Neste mês de dezembro, até o fechamento desta matéria, quatorze taxistas foram vítimas de algum crime em Salvador, segundo informações da Associação Geral dos Taxistas (AGT). Dois desses crimes ganharam repercussão na imprensa, um sequestro relâmpago, ocorrido no dia 5, e uma tentativa de assassinato no dia 10.
O sequestro aconteceu nas imediações da Avenida ACM, em Salvador, em que um taxista foi levado e deixado numa estrada, na cidade de Candeias, na Região Metropolitana da capital. O assaltante levou o veículo, o celular e os cartões de crédito e débito. Na tentativa de assassinato ocorrida no dia 10, um taxista foi esfaqueado no pescoço e no braço por um passageiro. Esse caso, pelas circunstâncias, não tem relação com assalto, além disso, o taxista não conhecia o criminoso.
Esses crimes, especialmente o sequestro relâmpago, fazem parte do dia a dia do taxista, um profissional que vive exposto à marginalidade. Essa é uma profissão que traz consigo uma série de dificuldades e, quem a exerce, está sujeito à criminalidade.
“Somente nesse mês, já são quatorze taxistas vítimas da bandidagem, sendo que três veículos ainda não foram encontrados. O caso mais grave foi do taxista esfaqueado, o colega ainda está aguardando pela cirurgia no Hospital Geral do Estado (HGE).”, contou o presidente da AGT.
No último dia 12, Denis Paim, foi recebido, mais uma vez, na Coordenação de Qualidade da (STELECOM) da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), pelo Capitão da Polícia Militar, Zanone Neves. Paim apresentou os números atualizados de crimes contra a categoria, na capital, e solicitou que as abordagens a táxis, nas blitze, sejam retomadas o mais rápido possível, pois, segundo o taxista, essas operações geram resultados positivos. “Eu mostrei os números para o Capitão, ele pode ver que as operações realizadas em julho, logo após nosso último encontro, foram produtivas, porque depois desse momento, tivemos uma queda no número de crimes contra o taxista.”
Segundo o Atlas da Violência 2023, divulgado em julho deste ano, a Bahia foi, disparado, o Estado brasileiro com o maior número de mortes violentas em 2022. Proporcionalmente, a Bahia ficou atrás, apenas, do Amapá, contudo, quando se observa o número absoluto, a realidade é assustadora para os baianos. Em 2022, na Bahia, houve 6.659 mortes violentas, enquanto no Amapá 371. Os números proporcionais estão relacionados ao tamanho da população de cada local, no entanto, o que importa, realmente, são as vidas ceifadas e não uma taxa de proporcionalidade usada por muitos para mascará a realidade e proteger suas conveniências sejam ideológicas ou por interesses.
Não é novidade para ninguém que a Bahia se tornou um dos locais mais perigosos do Brasil, principalmente em Salvador e na Região Metropolitana. Quem mora na capital ou nas cidades vizinhas vive com medo de ser a próxima vítima. No Estado baiano, os números são de guerra e isso já acontece há mais de uma década, pelo menos.
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que é divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mostrou uma queda de 2,4% em 2022, sendo o menor índice da série histórica, iniciada em 2011. A taxa de mortalidade ficou em 23,4 por grupo de 100 mil habitantes. Foram 47.508 mil casos de mortes violentas em 2022, contra 48.431 no ano de 2021.
Apesar dessa leve queda, os números absolutos ainda são aterrorizantes e quando se compara a região Nordeste com outras regiões e a Bahia com outras unidades federativas, percebe-se porque o baiano vive com medo.
Responsabilidade nas Urnas
No cenário alarmante da violência na Bahia, especialmente em Salvador, a realidade se torna um desafio diário para taxistas que enfrentam não apenas os desafios inerentes à profissão, mas também o aumento significativo da criminalidade. Os números exorbitantes de mortes violentas no estado evidenciam uma situação crítica, onde a população convive com o medo constante. Ser taxista, na Bahia, é muito pior do que em outros estados do país.
Ao analisar os dados de mortes violentas por unidade federativa, região e taxa por habitantes, é possível perceber a dimensão do desafio enfrentado pelos baianos e nordestinos. Em um estado que lidera em números absolutos, a responsabilidade do cidadão nas escolhas eleitorais é ressaltada como um fator crucial para moldar o futuro da segurança pública.
Essa preocupante estatística não apenas reflete a necessidade urgente de medidas eficazes de segurança, mas também suscita reflexões sobre as escolhas políticas que contribuem para esse contexto. O desafio vai além da mera estatística; é uma convocação para uma ação coletiva, uma voz nas urnas que clame por mudanças substanciais na busca por um ambiente mais seguro e protegido para todos.
Então, taxista, saiba que você também tem a sua parcela de responsabilidade nesse cenário de guerra. Por isso, compreenda que as suas escolhas terão reflexo em sua vida, para o bem ou para o mal.
Números de alguns Estados e das duas regiões mais violentas
Números absolutos de Mortes Violentas por UF em 2022
Bahia 6.659 (1º lugar)
Rio de Janeiro 4.485 (2º lugar)
São Paulo 3.735 (3º lugar)
Pernambuco 3.423 (4º lugar)
Amazonas 1.531 (11º lugar)
Amapá 371 (24º lugar)
Taxa de Mortes Violentas a cada 100 mil habitantes em 2022
Amapá 50,6 (1º lugar)
Bahia 47,1 (2º lugar)
Amazonas 38,8 (3º lugar)
Pernambuco 37,8 (5º lugar)
Rio de Janeiro 27,9 (17º lugar)
São Paulo 8,4 (27º lugar)
Números absolutos de Mortes Violentas por região em 2022
Região Nordeste 20.122 (1º lugar)
Região Sudeste 11.930 (2º lugar)
Das 50 cidades, com população acima de 100 mil habitantes, com as maiores Taxas de Mortes Violentas, treze cidades baianas estão entre as mais violentas do país e quatro delas encabeçam o ranking nacional em 2022.
1º Jequié 88,8
2º Santo Antônio de Jesus 88,3
3º Simões Filho 87,4
4º Camaçari 82,1
9º Feira de Santana 68,5
10º Juazeiro 68,3
11º Teixeira de Freitas 66,8
12º Salvador 66,0
14º Ilhéus 62,1
15º Itaituba 61,6
18º Luís Eduardo Magalhães 56,5
19º Eunápolis 56,3
25º Alagoinhas 53,0
Fonte: Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2023 (Baixe Aqui)