Por Daniel Júnior
Os taxistas de Salvador “batem cabeça” desde que a Uber chegou à capital baiana (2016), sem um aplicativo próprio da categoria para fazer frente a este concorrente de peso. O transporte clandestino em Salvador, caracterizado por não ser táxi e nem atender por meio de aplicativo, é um dos principais problemas que a categoria enfrenta, principalmente nos portais de entrada da cidade. Não só estes assuntos precisam ser enfrentados, mas também pôr em prática a nova lei que regulamentou o transporte por aplicativos, a capacitação os profissionais, a revitalização de pontos de táxis e a inserção deste grupo entre aqueles prioritários para campanhas de vacinação.
Apesar do lançamento do aplicativo Taxi Mobi em abril de 2019, pelo prefeito ACM Neto, a plataforma que foi divulgada como da prefeitura, pertence, na verdade, a um consórcio entre cooperativas e empresas de táxis da cidade. Assim, com algumas barreiras de entrada por ser um aplicativo privado, a categoria não aderiu e o projeto fracassou. Muitos apontam a falta de divulgação como a principal causa pelo fracasso e veem na prefeitura a possibilidade de desenvolvimento de uma plataforma que contemple toda a classe e consiga fazer campanhas publicitárias como acontece no Rio de Janeiro com o Taxi.Rio.
Nos portais entrada de Salvador como Aeroporto, Rodoviária e Ferry Boat, o transporte clandestino é mais frequente e age sem ‘pudor’. Os taxistas pedem que a fiscalização seja constante e eficiente sobre esse tipo de serviço irregular, mas isso não vem acontecendo há muitos anos. A prefeitura não tem conseguido resolver este problema que prejudica a categoria e expõe a população à criminalidade.
A Lei 9.488/2019, que regulamentou o transporte por aplicativo na cidade, deveria estar valendo desde março deste ano, mas a pandemia provocou a prorrogação que, agora, está agendada para janeiro de 2021. O desafio foi, apenas, empurrado, porque a prefeitura não apresentou, até o momento, um planejamento informando como serão as vistorias e fiscalização desta categoria. Para vistoriar os 7,2 mil táxis, a prefeitura leva cerca de 4 meses, atendendo 100 motoristas por dia, fora o transporte escolar e o mototáxi que acontecem em períodos distintos. Não se sabe ao certo quantos veículos atuam nos aplicativos, mas há quem diga que são mais de 30 mil. E aí, como vistoriar e fiscalizar tantos veículos?
A qualificação dos taxistas, por meio de cursos de línguas estrangeiras, atendimento ao público e turismo da cidade, é uma das demandas dos profissionais, que precisam de capacitação para atender com mais eficiência os turistas que passam pela capital baiana.
Revitalização de pontos de táxis é outro “calo” que aperta constantemente. Instalação de placas e abrigos para chuvas e pintura de faixas são algumas das melhorias que devem ser observadas pela nova administração. Além disso, a fiscalização destes locais, que sofrem por veículos particulares estacionarem indevidamente.
Os taxistas possuem contato com muitas de pessoas diariamente. É um grupo que necessita de cuidados especiais quando nos referimos à Saúde Pública. A pandemia da Covid-19 acendeu o sinal de alerta para os profissionais do ramo de táxi. Eles estão mais vulneráveis a uma possível infecção. Com isso, os profissionais pedem para que sejam parte de grupos prioritários de campanhas de vacinação.
Outro ponto importante que deve ser discutido com a categoria, é sobre novos alvarás. São necessários? O que pode ser feito pelos motoristas auxiliares?
O prefeito eleito, Bruno Reis (DEM), terá muitos desafios pela frente. Precisará dialogar com a classe e com o legislativo para tentar encontrar soluções para estes e outros problemas ao longo dos próximos quatro anos.