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Salvador dos Anos 80

Inaugurado no dia 28 de janeiro de 1988, o prédio da Casa do Comércio é um dos marcos dos anos 80 em Salvador - Foto: Divulgação/Fecomércioba
Inaugurado no dia 28 de janeiro de 1988, o prédio da Casa do Comércio é um dos marcos dos anos 80 em Salvador – Foto: Divulgação/Fecomércioba

 

Por Conrado Matos

 

Quando cheguei em Salvador no ano de 1982, eu fiquei bastante surpreso com as construções em cima do morro. Diversas casas em terrenos altos, escadas e ladeiras enormes. Sinceramente, eu não imaginava Salvador dessa forma antes de conhecer. Imagine onde me deparei, no bairro das Sete Portas, próximo da Rodoviária Velha. Fui residir no bairro de Macaúbas, uma região ligada ao bairro do Barbalho.

 

Recordo-me que de cara fui subindo uma grande escada para ter acesso ao bairro, na Travessa Antero de Brito, próximo à Rua Cônego Pereira. E lá vai mais escada para acesso à minha casa. Alguém deve lembrar que defronte da Rodoviária Velha existe o bairro Santa Rita, onde fica um grande morro, escadas e uma enorme ladeira. Próximo ao Hotel Guadalajara, numa travessa, morava uma família de um amigo que cheguei logo a conhecer. Nos finais de semana, eu frequentava com eles a igrejinha Católica de Santa Rita. Eu subia uma longa escada para chegar na casa do amigo. Tudo escada, isso me deixava encucado pelo modo de viver. As moradias no alto. Eu morava, anteriormente, numa cidade plana, como Aracaju. Muito diferente nesse aspecto.

 

Mas fui me acostumando e tomando muito gosto por Salvador, minha linda cidade.  As comidas também foram minhas estranhezas. Acostumado a comer jabá assada, fava, cuscuz, feijoada com verduras, legumes, bucho, tripa, mocotó e toucinho. Fiquei surpreso com a feijoada baiana sem as verduras e bem carregada de gorduras, calabresas, carne de sertão, toucinho defumado, bacon e até com pé de porco. Cuscuz com leite de coco, eu nunca vi. Só por aqui. Meu cuscuz foi sempre com jabá frita, carne do sol, ovos ou carne bovina cozida. Nunca me acostumei com feijão-de-leite. Até hoje não gosto. A feijoada baiana é um dos meus pratos prediletos. Ah! Moqueca com dendê e com caruru aprendi a comer na Bahia e acho uma delícia. Em Sergipe, nós comíamos a moqueca apenas com leite de coco, quer dizer, tomando como base a minha época de adolescência, não sei nos dias de hoje.

 

Pois é, a minha Salvador é massa. No Macaúbas eu vivi um pouco da minha juventude. Comecei a trabalhar em um grande banco privado e a estudar o colegial, e em seguida, fazer meu cursinho pré-vestibular. Época que tenho saudade, Anos 80. Geralmente, quem morava no Macaúbas costumava dizer que morava no Barbalho, por serem bem ligados. No final de linha do Macaúbas acontecia a “Lavagem do Macaúbas”, um pouco antes do carnaval.

 

Era muito bacana a vida dos Anos 80. As relações ainda duravam, namorávamos por mais tempo, líamos mais e ouvíamos muitas músicas. As empresas mantinham seus empregados por muitos anos.  As pessoas eram mais companheiras. Vizinho falava um com o outro de uma janela para outra. Os times de futebol eram melhores, não faltavam craques. As festas de Largos eram bem frequentadas, assim como as lavagens de bairros. Energia boa, conversa boa, bate papo legal nas barracas de praia. Em termos de afeto, na década de 80 ainda éramos muito chegados uns aos outros.

 

foto de conrado

 

 

 

 

 

 

 

 

Conrado Matos

Psicanalista, Licenciado em Filosofia e Bacharel em Teologia. Pós-graduando em educação em gênero e direitos humanos pelo Neim/UFBA

E-mail: [email protected]

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3 respostas

  1. Foi um choque Cultural, quando você chegou aqui!! Uma cidade com ladeiras e escadarias!! A região, que Rio morar é bem assim!! Conheço de longas datas!! O bairro de Barão de Macaubas, sempre foi bem animado, até Lavagem tinha antes de Carnaval!!
    Que bom, que se adaptou e ama Salvador, terra dos encantos!!
    Boa tarde!!

  2. Sente o impacto da diferença entre dois locais e depois a mudança dos tempos. A mudança faz parte da vida, mas teria que ser sempre para melhor!

  3. Parabéns pelo artigo!
    O tempo passa e quem viveu os anos 80, realmente já percebeu a diferença do tempo. Ainda mais quem veio de outra região.

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