Por Conrado Matos
O ser humano, em parte, tem buscado por uma opção de vida que é bastante relacionada com as ferramentas de internet. A internet é um meio de compartilhamento de conhecimento de grande importância para a sociedade. Jamais podemos negar isso, porém, em algumas pessoas, a internet tem provocado vícios e um imenso desinteresse em leituras de livros, conversas entre pessoas e envolvimento com outras atividades. As pessoas estão vivendo o fenômeno do “isolamento”. Elas vivem amparadas com tantas mídias virtualmente muito próximas que estão se afastando uma das outras.
Como podemos encarar agora essa sociedade tecnologicamente dominada pelos sites? Estamos sendo tomados por um vazio afetivo, a uma falta de escuta companheira, calorosa e familiar. As pessoas marcam encontros para conversar, mas não desgrudam do smartphone. No ambiente doméstico, no horário do café, do almoço e do jantar, todo mundo se cola na internet. Vive hoje, a sociedade, o caos da ausência do outro pela falta de comunicação pessoal. Não há um olhar e nem um abraço. A máquina, lamentavelmente, está na frente de todos nós.
Recordo-me que os antigos finais de semana eram para estudo ou para bate-papos. Alguém podia ler um livro para depois contar toda sua história. Outros marcavam para ir à praia, ao cinema ou ao barzinho. Uma pesca com um amigo, surfar na praia ou jogar frescobol. O homem de antes olhava as coisas com altruísmo, amor e companheirismo. Era mais amigo e próximo dos demais. Que falta faz essa época em que nos finais de semana poderíamos acampar juntos. Andar pela praia, namorar e se beijar. Épocas muito boas. Na minha juventude o homem olhava para lua e para as estrelas. Era um homem mais filosófico, poético, artístico, romântico e universal.
Sinto falta desses afetos sérios do meu passado. Das amizades mais leais, trocas de carícias. Não somos robôs para suportar tanta solidão. Vivemos numa era estressada e de muita frustração profissional, buscas excessivas por posições e cobranças. E compartilhar pessoalmente sentimentos com outras pessoas vai nos fazer bem, nos ajudar a enfrentar essa lacuna afetiva, essa ausência do calor humano provocada por essa sociedade atual. E, o que percebe é que as pessoas no mergulho das ferramentas querem buscar esse afeto nos seres tecnológicos, conversas a distância, na satisfação dos elementos virtuais que representam curtidas como “Curtir, Amei, Haha, Triste e Grr”.
Pois é, que vida é essa só de figurinhas, comentários, perguntas e respostas virtuais? Isso de virtual também não é um mau, mas quando ficamos na sua dependência vira um vício, um hábito pernicioso. A tendência é o homem pós-moderno cair em um isolamento total. Pense nisso!
Conrado Matos é Psicanalista, Licenciado em Filosofia e Bacharel em Teologia. Pós-graduando em Educação em Gênero e Direitos Humanos pelo NEIM/UFBA.
E-mail: [email protected]
2 respostas
As pessoas andam mais distraídas, não percebem quem está a sua volta. Percebi isso quando peguei um ônibus esta semana. A maioria estava ao celular. Por isso fica fácil um assalto no coletivo. Mas o dano pior é na família. Quando a tecnologia assalta o convívio familiar.
Isso mesmo Lícia, você alertou bem a possibilidade de um assalto. Sabendo, também, que a distração é tão grande que a pessoa pode sair do ônibus até mesmo sem dar um “Até logo” a um amigo. Se entrega por total a rede e ao celular. Obrigado pela sua colaboração com este bom comentário. Parabéns pela sua participação de sempre. Abraço!