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Editorial: Taxistas x Uberistas: A disparidade na organização e na vontade

 

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Os uberistas lotaram a primeira audiência pública – Foto: Reginaldo Ipê

 

As primeiras audiências públicas para debater o Projeto de Lei 57/17 do vereador Maurício Trindade (DEM), que pretende regulamentar o transporte privado por meio de plataformas tecnológicas, em Salvador, mostrou uma realidade de faces opostas quando se pensa em categorias unidas por uma causa. Os eventos aconteceram no Centro de Cultura da Câmara, dia 7 e no plenário da Câmara, dia 14.

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O vereador Maurício Trindade não gostou de ser contrariado e mostrou o seu fervor pelo Uber – Foto: Reginaldo Ipê

 

O objetivo do PL é legalizar o serviço prestado por motoristas particulares através de plataformas digitais, em Salvador. Para tanto o vereador argumenta que a regulamentação deste serviço irá permitir o livre comércio, a concorrência mais justa, a geração de renda para muitos desempregados, mais segurança ao usuário e a diminuição dos custos para o passageiro.

 

As empresas credenciadas a explorar o mercado, as Operadoras de Tecnologias com Plataforma Digital (OTPD), terão regramentos a serem cumpridos perante o poder público municipal. A exploração da atividade será restrita às chamadas exclusivamente por plataformas digitais; as empresas passarão a recolher o Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza – ISS; serão obrigadas a compartilhar todos os dados com o poder concedente; os veículos deverão passar por vistorias anuais; dentre outras obrigações.

 

Sobre o projeto em si não se tem muito o que relatar neste texto, pois não só os uberistas sabem muito bem o que querem, como os taxistas também sabem o que eles, os uberistas, querem. A intenção aqui será outra, mostrar o aparente distanciamento de realidades entre a categoria de taxistas, existente há décadas, e uma nova categoria que surge na marra, mas especialmente pela sua evidente determinação.

 

Desde que o aplicativo Uber passou a operar ilegalmente no Brasil, há quase dois anos; no caso de Salvador, em abril do ano passado, a discussão começou a ganhar corpo e foi parar nas ruas com direito a agressões físicas de ambos os lados. Do segundo semestre de 2016 para cá, os motoristas particulares que atuam prestando este serviço têm sofrido com a fiscalização da prefeitura, ainda que de forma eventual. Na capital baiana, quem é pego fazendo transporte individual de passageiro que não seja através do táxi é multado em cerca de R$ 2.500.

 

Vários foram os locais e momentos em que representantes do táxi e do Uber se enfrentaram em debates acalorados como em programas de TV e rádio. Paralelo a isso, cada lado procurava o seu apoio político e a sua organização interna como uma classe em busca de algo. Nesse caso, este algo é tão fundamental para ambos que não seria exagero compará-lo ao oxigênio para o ser humano. Significa, realmente, a existência de uma profissão.

 

E é sobre este aspecto que encontramos a disparidade de vontade e articulação. Os uberistas atuam há pouco tempo, muitos nem se conhecem, porém o que se nota é o discurso uníssono e o comprometimento em fazer a sua organização de pessoas se transformar numa classe legalizada. Alguns deles são ex-taxistas auxiliares e têm na ponta da língua, de forma simples e objetiva, os seus argumentos contrários à função que exerciam anteriormente.

 

Do outro lado, o que se vê é um retrato de décadas de erros de uma categoria. O sindicato sofre pela sua falta de credibilidade; o taxista não soube se preparar para este debate, falta-lhe o domínio sobre os seus argumentos e uma oratória mais consistente e contextualizada; carece de autocontrole emocional para que se faça entendido. São seguidos desacertos que deixam a população sem mais informações para avaliar o lado defendido pela classe.

 

Além da falta de preparo para o enfrentamento no campo das ideias, o problema maior que o taxista apresenta é a falta de comprometimento com a sua realidade. Parece que ele não está perdendo o faturamento como fala, porque quando se a classe para participar de manifestações e atos de luta em prol de sua existência, fica nítido o desinteresse da grande maioria ou até a irresponsabilidade com o futuro da profissão. A desculpa é sempre a mesma, aquela corrida que não podia deixar de fazer. O taxista passa o dia reclamando nos grupos de WhatsApp, mas na realidade física, aquela em que é necessária a presença, o que se vê são os poucos de sempre tentando sustentar uma luta desigual.

 

 

 

 

 

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3 respostas

  1. Olá, sou do interior, mas costumo ir a Salvador, e uma vez ou outra faço uso do UBER, mas já fiz também uso dos TAXI, e na minha opinião o que precisa acontecer é os taxistas se reciclarem, procurem seus sindicatos, montem um aplicativo também, o mundo anda pra frente, e chegou o momento dessa profissão acompanhar as mudanças, a prefeitura só esta nessa briga para não perder a renda que vocês deram a vida toda, e agora eles querem cobrar de quem esta se virando em seus carros particulares para sair dessa crise em que o nosso “brasil” se encontra, causado pela má administração pública, concordo que é desleal a concorrência, mas para nós usuários do aplicativo, é mais seguro pegar um UBER, com a saida e o destino programado do que pegar um taxi no meio do caminho, sem que ninguém saiba para onde estou indo, por outro lado, é necessário sim regulamentar os uberistas, mas investir na modernização dos taxistas e torna-los também com preços mais acessiveis.

  2. Infelizmente existem infiltrados em nossa profissão, os mercenários usuraveis e avarentos. Já me falaram que existem Taxistas que colocaram algum familiar no UBER.
    Na verdade são os próprios Taxistas que estão acabando com a nossa profissão. Esta é a pura realidade.

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